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Foto: DivulgaçãoCom o Vaza-Jato não existe mais Moro-2022 e Bolsonaro volta a correr sozinho pela reeleição nesse campo ideológico
Possível queda de Sergio Moro: boa para Bolsonaro e ruim para Caiado
17/06/2019, às 00:18 · Por Eduardo Horacio
Antes dos vazamentos do site Intercept, a imagem pública do ministro Sergio Moro estava muito maior que a do seu chefe, o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Enquanto Bolsonaro se envolvia em desgastes do seu governo – muitos deles protagonizados por ele próprio ou sua família -, Sergio Moro seguia em céu de brigadeiro, a ponto de começar a ficar forte a especulação de que ele não iria para o STF em 2020 e, sim, iria preferir disputar a presidência da República em 2022.
Com os vazamentos das relações pouco republicanas do então juiz Sergio Moro com o Ministério Público Federal (e outras revelações que ainda estão por vir), Sergio Moro diminui de tamanho a cada dia. Seu desgaste na opinião público é gradual. Está mais para um cozimento a fogo baixo do que uma fritura rápida. E Jair Bolsonaro até se dispõe a enfrentar uma partida de futebol acompanhado de seu ministro, mas evita declarações francamente favoráveis ao mesmo. Pelo contrário: soltou no sábado, 15 de junho, que ele não confia 100% em Sergio Moro (só confiaria 100% nos seus pais – é o que sua mãe teria lhe ensinado).
Aos poucos, Bolsonaro deixa de ser menor que Sergio Moro. Hoje, ambos estão praticamente do mesmo tamanho. Para a alegria de Bolsonaro. Já estava virando um incômodo permanente Moro ser tão maior que Bolsonaro na opinião pública. Hoje, Moro depende mais de Bolsonaro do que o contrário. A luta de Sergio Moro não é agora majoritariamente política, tanto que é simbólica a escolha dele de ir se defender no Programa do Ratinho, no SBT, conhecido por tratar com leveza e suavidade qualquer um que estiver no poder.
Portanto, politicamente, Bolsonaro curte o gozo de ver seu ministro da Justiça ser cozido lentamente. É parte do ‘estilo Bolsonaro’ de fazer política. Nas entrelinhas, nem consegue esconder a satisfação. Não existe mais Moro-2022. Bolsonaro volta a correr sozinho pela reeleição nesse campo ideológico. A ida de Sergio Moro para o STF em 2020 também virou quase uma improbabilidade e até a manutenção dele no cargo de ministro da Justiça virou uma incerteza. Mais umas semanas (ou dias) e Moro pode ficar do tamanho de um Magno Malta: importante na campanha eleitoral, mas um incômodo perto do governo.
Para aliados de Bolsonaro, como o governador Ronaldo Caiado (DEM), a possível saída de Moro do governo é uma notícia ruim. Além de desenvolver parcerias com o próprio presidente, Caiado também mantém uma boa relação com o então popular ministro da Justiça. Sem Moro (ou com um Moro enfraquecido), Caiado passa a ser ainda mais dependente de Bolsonaro e dos discípulos de Olavo de Carvalho, cada vez mais fortes no governo.
Enquanto alguns no DEM crescem ao se distanciarem de Jair Bolsonaro (caso de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, que brilha cada vez mais), Caiado tende a se apequenar se seguir grudado na agenda de Bolsonaro.
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