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Foto: Rafael Nunes/PSB

Na quinta-feira, 4 de julho, Kajuru disse em entrevista a um blog de direita (O Corvo) repetidas vezes querer que seus eleitores “se fodam”

Kajuru ataca seu próprio eleitor com xingamentos, ameaça renunciar ao mandato e desiste

06/07/2019, às 02:02 · Por Eduardo Horacio

Conhecido por seu temperamento explosivo, Jorge Kajuru (sem partido) contrariou o ambiente em geral pacifico do Senado e protagonizou uma semana atípica em Brasília. O senador desfiliou-se do PSB, atacou eleitores durante entrevista, ameaçou renunciar ao mandato e, logo depois, afirmou já ter desistido da ideia.

A reação de Kajuru foi motivada por críticas sofridas por seu posicionamento sobre o decreto de armas do presidente Jair Bolsonaro. Em princípio, o senador acompanhou o entendimento do PSB, seu partido até então, e votou contra a aprovação do decreto.

Muito criticado por seus seguidores em redes sociais, o parlamentar mudou seu posicionamento, o que gerou instabilidade ainda maior em seu mandato. Kajuru gravou vídeo ao lado de Bolsonaro com elogios ao projeto de ampliar o porte e a posse de armas. Por um lado, conseguiu estancar as críticas, mas o ato desagradou integrantes de seu partido.  Em carta, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, sugeriu que o senador deixasse a legenda.

O atrito entre a pauta conservadora do eleitorado de Kajuru e a progressista do PSB era esperado e não demorou a ocorrer. E a reação de do senador mais uma vez foi pelo enfrentamento. Após desejar que Siqueira fosse para “o raio que o parta” durante entrevista à Rádio Sagres, Kajuru anunciou a desfiliação. Na mesma entrevista, o senador disse estar “cagando” para o presidente Bolsonaro.

Jorge Kajuru costuma se comunicar em perfis nas redes sociais e, nas principais votações, usa o resultado de enquetes propostas nessas mídias para se posicionar – afirma que o eleitor é seu único patrão. No caso específico do projeto sobre armas, o senador contrariou o desejo da maioria dos seguidores, amplamente favorável ao decreto presidencial. Ao ignorar os seguidores/eleitores que sempre fomentou, Kajuru colocou ‘fogo às vestes’.

Na quinta-feira, 4 de julho, Kajuru disse em entrevista a um blog de direita (O Corvo) repetidas vezes querer que seus eleitores “se fodam”. Após ser questionado sobre o motivo pelo qual não obedeceu ao resultado da enquete que fez sobre os decretos das armas, o que lhe rendeu comentários negativos de seus eleitores, o parlamentar respondeu que “se algum dos comentários me desrespeitar, não entender a minha opinião, eu quero que ele se foda”.

O repórter d´O Corvo insiste: “essa é a resposta que você dá a seu eleitor?” O senador responde: “então, que eles se fodam também”. O apresentador lembra que oito anos passam voando. Kajuru afirma que não quer dizer mais nada, “não sou candidato a mais nada. Terminado o meu mandato, vou morar em Búzios, amar minha mulher. Eu não sou obrigado a fazer média com eleitor meu (que seja) ignorante. Se ele é ignorante, dane-se ele, se ele não entendeu minha opinião, foda-se ele”, disse.

Ao final, o repórter avisa que, das dez mil pessoas online, ao menos 90% estão contra Kajuru. O senador, então, dobra a aposta: “então fodam-se os 90 mil”. As declarações ampliaram a crise e as críticas se avolumaram.

Renúncia
As declarações de Jorge Kajuru geraram incredulidade entre seguidores e, claro, ganharam destaque na imprensa. Diante do impacto negativo, o senador anunciou que estava cogitando renunciar – apenas seis meses após assumir o mandato para o qual foi eleito e que se encerra somente em 2026.  “Não preciso disso e parece não valer a pena, pois não há reconhecimento”, anotou no Twitter.

Apesar de anunciar que tomaria uma decisão até a próxima segunda-feira, 8, Jorge Kajuru encerrou a nova polêmica rapidamente, informando ao Jornal Opção que havia desistido da ideia de abandonar o mandato. “Datena, Ivan Lins e 99% dos meus seguidores não aceitam nem que eu fale em renúncia. Todos me disseram a mesma coisa: ‘Se você renunciar estará fazendo o jogo de seus adversários’”, afirmando ter se aconselhado com o apresentador José Luiz Datena e com o músico Ivan Lins, dois amigos antigos. 


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