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Foto: Divulgação

Rubens Otoni e Antonio Gomide: o ponto central do embate é a forma de condução do PT em Goiás

Pela primeira vez, irmãos Otoni e Gomide expõem briga publicamente

09/07/2019, às 02:03 · Por Eduardo Horacio

Integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) em Goiás sabem que há anos os irmãos Rubens Otoni e Antônio Gomide passaram de simples divergências internas, comuns no partido, para um pesado confronto pelo comando da legenda no Estado. Desde que desbancou o grupo do ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson, no início do século, o deputado federal Rubens Otoni comanda o PT em Goiás com mãos de ferro.

A forma como Rubens Otoni direciona todas as decisões do partido – desde assuntos pontuais até questões centrais como alianças, candidatos e nomes para direção –, incomoda muitas lideranças. E justamente o deputado estadual Antônio Gomide, irmão de Rubens e ex-prefeito de Anápolis (2009 a 2014), passou a ser a mais forte voz a se insurgir contra os rumos da legenda no Estado impostos pelo deputado federal.

As fortes divergências entre os irmãos, que construíram suas carreiras políticas em Anápolis, estavam restritas aos debates internos do PT. Porém, ao jornal O Popular, desta segunda-feira, 8 de julho, em declaração à coluna Giro, assinada por Fabiana Pulcineli, o deputado Antônio Gomide tornou pública e incendiária a contenda.

Antônio Gomide critica a imposição de Rubens Otoni ao nome de Kátia Maria para continuar no comando da legenda no Estado. Assessora parlamentar do gabinete de Otoni, Kátia foi alçada ao comando da legenda no Estado e, posteriormente, escolhida candidata ao governo do Estado em 2018 – encerrou a disputa em quarto lugar com 271.807 votos (9,1% dos válidos). Na prática, Otoni mantém o controle absoluto do partido.

“Há imposição de um nome que representa uma única corrente ligada a Rubens Otoni, sem que seja feito o debate com todas as forças do partido. O nome de Kátia Maria, portanto, não é consenso dentro do PT”, critica Antônio Gomide. O deputado estadual acrescenta que para se opor a esse quadro ele mantém sua própria candidatura ao comando da legenda, desafiando a vontade do irmão.

Divergência
O ponto central do embate entre Rubens Otoni e Antônio Gomide é a forma de condução do PT em Goiás. O deputado estadual é favorável a uma maior abertura do partido a alianças, enquanto Otoni comanda a sigla nos moldes da atual direção nacional, fechado a alianças com partidos que não estejam à esquerda no espectro político, mesmo que a decisão no Estado represente perda de protagonismo.

Antônio Gomide era favorável, por exemplo, a uma aliança para a disputa do governo do Estado capitaneada pelo MDB do deputado federal Daniel Vilela, em 2018. Já Rubens Otoni impôs a candidatura de Kátia Maria, até então um nome desconhecido do eleitor goiano. Os 9,1% dos votos válidos foram até surpreendentes diante da expectativa com que o partido entrou na campanha.

A principal crítica ao deputado Rubens Otoni é que o centralismo com que comanda PT goiano há anos mantém a legenda sob seu controle, mas a impede de crescer e de novas lideranças se destacarem.

Otoni tem cinco mandatos consecutivos de deputado federal (está no Congresso há 16 anos), mas desde 2010 o PT não emplaca um segundo deputado federal – quando, em aliança com o MDB, Marina Sant’Anna foi eleita suplente e assumiu mandato. Já a bancada estadual resume-se a Gomide e a deputada Adriana Accorsi, que também diverge do comando de Otoni. 

Curiosidade
Um dado curioso é que essa briga entre irmãos políticos anapolinos lembra outra, gravada na história de Goiás. Trata-se do racha entre Henrique Santillo e Adhemar Santillo nos anos 90, quando Adhemar preferiu se manter no MDB e Santillo foi para a oposição. O auge do racha foi em 1996, quando os dois disputaram a eleição para a prefeitura de Anápolis – e Adhemar venceu, com Henrique (já ex-governador) ficando em quarto lugar. 


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