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Foto: Isac Nóbrega/PRCom o RRF, a gestão de Ronaldo Caiado passaria a ter pouca margem para avançar diante das medidas rígidas adotadas
Caiado avalia desistir de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal
16/07/2019, às 05:05 · Por Eduardo Horacio
O governador Ronaldo Caiado (DEM) estaria inclinado a
desistir de assinar a adesão de Goiás no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) da
União. A informação tem sido ventilada nos bastidores pelo ex-senador e titular
da Secretaria de Indústria e Comércio, Wilder Morais (Pros). A relutância do
governador é motivada pelo pesado fardo político das medidas impopulares
impostas, com potencial até para inviabilizá-lo eleitoralmente.
O Regime de Recuperação Fiscal é um instrumento de ajuste de
contas usado pelo governo federal para socorrer estados que convivem com grave
desequilíbrio financeiro – casos de Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Para
aderir ao RRF, o Estado é obrigado a apresentar ao Ministério da Economia um
rígido Plano de Recuperação Fiscal. A aprovação da entrada de Goiás no RRF na
Assembleia Legislativa já foi publicada no Diário Oficial, mas a adesão do
governo goiano a ela, não.
Em benefício à adesão, o Estado consegue protelar e alongar
pagamento de sua dívida com o governo federal, além de poder contrair novos
empréstimos sem a exigência de cumprir requisitos legais, desde que previstos
no Plano. De imediato, portanto, a adesão faria com que o governo de Ronaldo
Caiado pudesse ter mais folga no orçamento para o cumprimento de obrigações de
curto prazo.
Por outro lado, entre as muitas medidas duras que o RRF irá
impor ao Estado está a vedação à realização de novos concursos públicos,
concessão de reajustes aos servidores, criação de cargos ou funções que
impliquem em novas despesas ou mesmo alteração da estrutura de carreira dos
servidores estaduais.
A lista de proibições prossegue com veto à concessão ou
ampliação de incentivo ou benefício tributário (usados em larga escala no
Estado), contratação de despesas com publicidade e propaganda, exceto as de
utilidade pública, e contratação de outras operações de crédito que não estejam
previstas no Plano de Recuperação Fiscal.
Portanto, se por um lado o RRF possibilita uma rápida
reorganização financeira das contas do Estado, situação que hoje emperra o
governo, a gestão de Ronaldo Caiado passaria a ter pouca (ou quase nenhuma)
margem para avançar diante das medidas rígidas adotadas.
De início, Caiado assumiria desgaste com os servidores, que
teriam salários e progressões congelados, além de inibir a possibilidade de
atrair novos investimentos para o Estado com uso dos incentivos fiscais. E
ainda teria de limitar drasticamente os já mínimos gastos com publicidade.
Na prática, com dificuldades em atrair novos investimentos
privados, com ‘mão pesada’ sobre os servidores e impedido de fazer gastos
relevantes com publicidade, é provável que o governador Ronaldo Caiado passe a
enfrentar sérias dificuldades políticas.
É justamente ao mensurar este cenário, entre um ajuste
rígido e sua sobrevivência política, que o governador Ronaldo Caiado avaliar
desistir do RRF e buscar uma solução menos ‘draconiana’ para equilibrar as
contas do Estado e, ao mesmo tempo, ter condições de entregar uma gestão com
alguma popularidade.
Recuperação Fiscal
Além de todas as vedações a novos gastos impostos pelo RRF, o Plano de
Recuperação Fiscal que o governo precisa apresentar ao Ministério da Fazenda
consiste em um conjunto de leis com autorização prévia para a privatização de
empresas públicas de energia, saneamento e setor financeiro, além de redução de
no mínimo 10% dos benefícios fiscais já concedidos, o que causaria maior
impacto em Goiás.
O Plano também prevê a revisão do regime jurídico único dos
servidores estaduais da administração pública, o que na prática abre a
possibilidade de demissões, ou aprovação de lei para disciplinar o crescimento
de despesas obrigatórias, o chamado teto de gastos.
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