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Cabo Vitor da Silva Lopes baleou o assessor empresarial Davi Augusto de Souza dentro de igreja, localizada no Setor Finsocial
PM que atirou em igreja e fiel baleado são amigos de longa data, afirma irmão da vítima
04/09/2022, às 17:07 · Por Redação
O policial militar que atirou contra um fiel durante briga política em uma igreja em Goiânia, Vitor da Silva Lopes, e o assessor empresarial baleado são amigos há mais de dez anos, segundo o irmão da vítima, Daniel Augusto de Souza. Segundo a família de Davi Augusto, que foi atingido, os disparos ocorreram após discussão a respeito de uma circular sobre as eleições distribuída pela igreja, com orientações de votos."Eles são amigos desde que o Vitor entrou para a igreja, há dez, doze anos", explicou Daniel.
Quanto ao disparo, o policial afirmou ter sido atacado pela vítima e seus familiares, e que entrou em briga corporal com eles. O caso aconteceu na última quarta-feira, 31, dentro da Igreja Congregação Cristã no Brasil, localizada no Setor Finsocial. Um vídeo gravado por um fiel, que viralizou nas redes sociais, mostra o momento em que bombeiros chegam ao local para o resgate.
Davi Augusto de Souza está internado em Goiânia, passou por duas cirurgias na perna e segue estável, segundo o irmão dele. A assessoria de comunicação do Hugol afirmou que o estado de saúde de Davi é regular, e que ele está consciente e respirando espontaneamente. A Polícia Militar, Civil e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmaram que apuram os fatos.
Amigos de longa data
Ao portal G1, Daniel contou que Vitor é um amigo de longa data da família. Ele conta que conheceu o policial militar quando este tinha apenas 7 anos de idade. Já seu irmão, Davi Augusto, e Vitor, teriam se tornado amigos quando o policial entrou para a igreja em que ambos frequentam, há mais de dez anos. Daniel ainda conta que Vitor é primo de sua esposa e que, por isso, eles estiveram juntos em diversas ocasiões.
"Somos muito ligados. Quando meu filho começou a frequentar a igreja, ele deu uma camisa pra ele, já nos deu cesta básica, ele é uma pessoa de bem", disse Daniel sobre Vitor. Ele ainda contou que, após os disparos, ligou para Vitor para conversar e que o policial teria pedido perdão pelo ocorrido. "Ele falou para mim que está muito arrependido, que isso nunca passou pela cabeça dele", contou Daniel.
Discussão em igreja
Davi foi baleado dentro da Igreja Congregação Cristã no Brasil, localizada no Setor Finsocial. Além de ter afirmado, na sexta-feira, 2, que foi atacado pela vítima e seus familiares, o cabo Vitor da Silva Lopes ainda disse que, em um dado momento, ele sentiu que queriam tomar sua arma e, por isso, a sacou e pediu para se afastarem, o que não foi obedecido.
Para se defender, ele alega que fez um disparo na perna da vítima para cessar as agressões, sem intenção de matá-la. No entanto, Daniel Augusto, que estava na igreja no momento da discussão, contesta a versão do cabo da PM. "Meu irmão saiu para beber água e o policial também. Do lado de fora, meu irmão, o policial e outra pessoa começaram um debate sobre quem da igreja apoia ou não ao governo, que os membros não deveriam votar na esquerda, como indicaram os líderes", comentou o irmão.
A briga se deu devido a uma circular sobre eleições que foi distribuída na igreja, pedindo aos fiéis para não votarem em candidatos que têm plano de governo a favor da desconstrução das famílias. A publicação foi realizada em abril desse ano e lida em todas as congregações. "Não devemos votar em candidatos ou partidos políticos cujo programa de governo seja contrário aos valores e princípios cristãos ou proponham a desconstrução das famílias no modelo instruído na palavra de Deus, isto é, casamento entre homem e mulher", diz a carta.
Daniel relatou também que o culto seguia normalmente enquanto o irmão era atendido por bombeiros no corredor da igreja. Daniel ainda explicou que o desentendimento teria começado há cerca de 20 dias, quando um dos dirigentes leu essa carta com orientações sobre as eleições em outubro durante um culto. Para o irmão do homem baleado, a briga e o tiro são, na verdade, resultado da entrada da política na igreja, que vem acontecendo há algumas semanas.
"O problema foi a entrada da política na igreja, que começou com essa guerra entre quem apoia ou não o governo. Um líder começou a fazer política durante um culto e dizer que os membros não deveriam votar em candidatos de esquerda, que chamou de 'vermelhos'", explicou Daniel.
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