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Tatiane Vieira
Theatro Sebastião de Pina faz parte do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico, Paisagístico e Histórico de Pirenópolis, tombado pelo Iphan em 1990
Theatro Sebastião Pompeu de Pina tem restauração retomada em Pirenópolis
24/11/2022, às 11:03 · Por Redação
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao
Ministério do Turismo, retomou nesta semana a obra de restauração do Theatro
Sebastião Pompeu de Pina, localizado Rua Comendador Joaquim Alves, no entorno
da Igreja Matriz de Pirenópolis. A primeira etapa da revitalização foi iniciada
em dezembro de 2019.
O teatro faz parte do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico,
Paisagístico e Histórico da Cidade de Pirenópolis, tombado pelo Iphan em 10 de
janeiro de 1990. A última restauração do teatro foi feita entre os anos de 1998
e 1999. O edifício é clássico e possui estilo híbrido luso-brasileiro, com
estrutura de madeira. Por conta disto, surgiram danos estruturais,
diagnosticados em 2019.
Para conter os problemas, a Superintendência do Iphan em
Goiás promoveu uma ação de salvamento emergencial de reestruturação do edifício
como garantia da sua permanência dentro do conjunto tombado de Pirenópolis. Dentre
os serviços executados, destacam-se os serviços de retirada de entulhos e
materiais remanescentes com devida limpeza e desinfecção dos ambientes.
Também foram realizados serviços de reestruturação da
fachada frontal, remoção de esquadrias de madeira não originais e serviços de
recomposição dos vãos e esquadrias de madeira a permanecerem. Foi executada,
ainda, a retirada do lanternim do telhado, visto que será instalado um sistema
de climatização fechado. A medida garante dispersão mínima da temperatura e
menor impacto visual nas fachadas do edifício, assim como maior conforto
acústico ao Teatro. A expectativa é que a obra de 667,41 m² fique pronta em 11
meses.
Mudanças
Serão implantados projetos de acessibilidade para as áreas
comuns na plateia, palco e sanitários térreos. Também serão instalados
equipamentos de combate a incêndio, como sinalizadores, extintores de pó e
outros exigidos pelo Corpo de Bombeiros. Será realizada, ainda, pintura
anti-chama na madeira.
Na estrutura interna do prédio, propõe-se o retorno do piso
em ladrilho de barro na área da plateia, a restauração e substituição dos pisos
do hall de entrada e do palco, assim como a resolução dos problemas de água
ascendente no edifício, especialmente no subsolo. Na parte externa, será feita
a manutenção e resolvido os problemas estruturais da edificação.
O Theatro
O conjunto tombado de Pirenópolis foi constituído no ciclo
do ouro no Brasil, no século XVIII, com a ocupação realizada por bandeirantes paulistas,
a partir de 1727. O traçado urbano e as técnicas construtivas do casario
reproduziram algumas características do urbanismo e das edificações de origem
portuguesa. São elas: cidade voltada para o rio, acompanhamento da topografia
original do terreno, uso dos recursos locais (quartzito, terra, madeira) nas
construções. As edificações são térreas, em sua grande maioria, e mantêm as
fachadas em alinhamento com o logradouro, cobertura em duas ou quatro águas com
caimento para rua, estrutura mista em gaiola de madeira e alvenaria
autoportante em terra (taipa de pilão, adobe e pau-a-pique) além das esquadrias
em madeira.
A construção do Theatro Sebastião de Pina remonta ao final
do século XIX, quando Sebastião José de Siqueira doou um terreno a Sebastião
Pompeu de Pina, que construiu o teatro contando com o apoio da comunidade
local. O dinheiro para a construção do edifício foi arrecadado por meio de
leilões de alimentos, roupas, animais e outros bens que os cidadãos da cidade
doaram. A inauguração da casa de espetáculos foi realizada em 1901, com a
encenação da peça ‘O Judeu’, encenada por pirenopolinos, dando início à fase
áurea do Teatro, sendo mais de quarenta peças ali encenadas.
Ao longo do tempo, o sobrado erguido foi submetido a
diversas intervenções, inclusive alterando sua finalidade inicial. Funcionou
como cinema, bar, comércio, fábrica de móveis, dentre outras utilizações. Em 1979, a Fundação Cultural do Estado de
Goiás comprou o prédio e o restaurou, restituindo o uso como teatro. Em 1997, devido
ao risco de desabamento, o teatro foi interditado, iniciando-se um amplo
trabalho de restauração a partir de 1997, culminando na sua reinauguração em
1999.
Ao longo dos seus 118 anos de existência, o edifício não
sofreu muitas mudanças quanto às suas características originais. Em 2019
apresentava graves problemas de conservação em sua estrutura, recebendo ação
restaurativa entre 2019 e 2021, que contemplou a reestruturação da fachada
frontal (leste) e de outros elementos estruturais da gaiola de madeira, além de
serviços de demolições e construções.
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