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“Goiás perde cerca de R$ 450 milhões por mês, fazendo com que o orçamento de 2023 já fosse apresentado com déficit de R$ 6 bilhões”, prevê Caiado
Em entrevista, Caiado estima perda de receita de até R$ 8 bilhões com queda do ICMS
02/12/2022, às 21:50 · Por Eduardo Horacio
O governador
Ronaldo Caiado reforçou nesta sexta-feira, 2, durante entrevista à emissora de
TV BandNews, as perdas para os estados com a mudança promovida pelo Governo
Federal que alterou a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações. Com isso,
só em Goiás, o orçamento deixa de contar com R$ 2 bilhões em 2022 e outros R$ 6
bilhões em 2023. Com a receita menor, estados agora querem uma compensação por
parte da União e o assunto deve ser judicializado.
“Goiás perde cerca
de R$ 450 milhões por mês, fazendo com que o orçamento de 2023 já fosse
apresentado com déficit de R$ 6 bilhões”, prevê Caiado. “Ao invés de termos R$
43 bilhões em 2023, nós apresentamos um orçamento com R$ 37 bilhões”, continuou
o chefe do Executivo Estadual ao explicar que essas somas se acumulam desde
julho deste ano, quando a Lei Complementar 194/2022 fixou em 17% a alíquota do
ICMS e entrou em vigor em todo o país.
Na conversa com
jornalistas, Ronaldo Caiado disse que havia um acordo quando a lei complementar
foi aprovada no Congresso de que o atual presidente Jair Bolsonaro iria
recompensar os estados com a perda de arrecadação. Mas isso não aconteceu, já
que Luiz Inácio Lula da Silva venceu a eleição. Agora, diante do déficit para
todas as federações, o assunto já está em discussão no Supremo Tribunal Federal
(STF).
Caiado ponderou que
o tributo é a única fonte de arrecadação dos estados, recurso com o qual são realizados
os investimentos. Segundo o governador, no próximo dia 6 haverá reunião do
Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), colegiado formado pelos
Secretários de Fazenda, Finanças, Economia, Receita ou Tributação dos Estados e
do Distrito Federal, que irá construir uma pauta específica sobre o tema. A
partir daí o Fórum de Governadores, que reúne as 27 unidades federativas, irá
se encontrar com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
para que seja demonstrado a ele a situação dos Estados.
“Queremos mostrar
dois pontos. Um é do ICMS. Precisamos de previsibilidade ou então não daremos
conta de arcar com as despesas assumidas nas áreas de saúde, educação,
segurança pública, programas sociais, além disso elevar o risco de uma paralisação
de todas as obras do governo”, explicou Caiado.
O segundo tema
envolve o julgamento sobre a cobrança do Difal (Diferencial de Alíquota) do
ICMS. Ele busca equilibrar a arrecadação do ICMS pelos Estados, instrumento
para que o tributo seja distribuído tanto aos estados em que são feitos
determinados produtos e serviços quanto aos que são destino das compras.
“Esse julgamento
foi colocado na pauta no dia 9 de dezembro. É uma tributação que, se derrubada,
só no ano de 2022 Goiás perde R$ 800 milhões”, estimou Ronaldo Caiado. “Será
mais uma penalização dura aos Estados. A preocupação é grande porque a
cada momento os Estados perdem a sua capacidade de arrecadação e, no
entanto, as despesas e responsabilidades passam cada vez mais aos Estados e
municípios”, concluiu.
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