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Divulgação - Polícia Militar

Polícia apreende helicópteros em ação em Abadia de Goiás

Homens mortos em ação da PM não tinham passagens pela polícia

25/02/2023, às 14:13 · Por Redação

Os dois homens que foram mortos em uma ação policial junto com o piloto Felipe Ramos Morais, de 36 anos, que era suspeito de participação na morte de chefes de tráfico de drogas, não tinham passagens pela polícia e eram mecânicos de aeronaves, disse o delegado Alexandre Bruno ao G1 Goiás. O investigador apura se houve confronto e qual a relação da dupla com Felipe.

A irmã de um deles disse à Justiça que o irmão não tinha envolvimento com nenhum crime e que ele foi morto de forma absurda. "Eles não tinham passagens pela polícia. A investigação ainda está em trâmite. A delegacia está investigando se houve um confronto mesmo ou não", disse o delegado.

A ação da Polícia Militar aconteceu no dia 17 de fevereiro, em Abadia de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia. Além de Felipe, os outros dois mortos foram identificados como Paulo Ricardo Pereira Bueno, de 36 anos, e Nathan Moreira Cavalcante, de 22.

A irmã de Paulo Ricardo foi quem acionou o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), ao entrar com um processo pedindo "Produção Antecipada de Prova Pericial – Exame Residuográfico", o que foi negado em uma decisão dada no dia seguinte à morte. Na ação, a mulher pediu o exame que, segundo o próprio magistrado, serve para procurar vestígios de metais, como chumbo e cobre, que podem indicar o uso recente de uma arma de fogo por parte da pessoa examinada.

Ela alega ainda que o irmão é inocente, que não tinha passagens pela polícia nem processos em andamento, assim como não tinha envolvimento com armas ou qualquer atividade ilícita. “Tornando a forma como foi morto um tanto quanto absurda e sendo imprescindível a produção da prova em questão para averiguar se houve ou não disparos de arma de fogo realizados pelo representado legitimando ou não a forma como foi realizada a abordagem policial”, descreve a solicitação da irmã.

Na decisão, o juiz negou o pedido para que fosse feito o exame, alegando que a coleta desses resíduos está sujeita a um curto prazo e que, como já tinha se passado mais de 24 horas do crime, já tinha passado do prazo. “A coleta de tais resíduos está sujeita a um prazo bastante exíguo de horas e requer a devida proteção das áreas anatômicas a serem examinadas, o que já transcorreu desde o óbito", entendeu o juiz.

Na ação, a mulher também pediu que fossem enviadas fotos das roupas que a vítima usava na hora da morte - o que também foi negado pelo juiz, que não viu urgência nessa medida. "Sobre o pedido de encaminhamento das fotografias das vestimentas, não vislumbro a urgência na medida, pois toda a prova pericial técnica científica será produzida e concluída pela polícia técnica científica, bem como, oportunamente, serão apresentadas as fotografias inerentes em laudo técnico científico”, falou o magistrado.

Ação policial
A ação policial aconteceu no dia 17 de fevereiro, em Abadia de Goiás, após a Polícia Militar receber uma denúncia de que havia uma "movimentação anormal de aeronaves". Ao chegar ao local, a PM disse que constatou que helicópteros estavam sendo usados para o tráfico de drogas. Nisso, os suspeitos teriam reagido à abordagem, conforme a polícia, e acabaram mortos.

Dentre os mortos na ação está Felipe, que é suspeito de participar de uma emboscada que terminou na morte de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e de Fabiano Alves de Souza, o Paca, considerados dois chefes de um dos maiores grupos de tráfico de drogas do país.

No dia do fato, a Polícia Militar informou ainda que apreendeu cerca de quatro quilos de cocaína, três pistolas e três helicópteros que estavam no nome de uma empresa na qual Felipe é sócio. Conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as aeronaves não possuem certificação de aeronavegabilidade.

Chefes do tráfico
Felipe era piloto do helicóptero usado na operação em que os chefes do tráfico Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e de Fabiano Alves de Souza, o Paca, foram assassinados. Na época, ele informou, por meio de seu advogado, que foi contratado por Wagner Ferreira da Silva, conhecido como Cabelo Duro, também da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) e executado a tiros na frente de um hotel em São Paulo dias depois.

O piloto afirmou que deveria levar passageiros do Ceará para São Paulo, mas foi obrigado a pousar pouco depois da decolagem. Felipe negou ter simulado uma pane na aeronave e disse que viu as execuções na reserva indígena de Aquiraz, a 30 quilômetros de Fortaleza.

Gegê do Mangue era foragido da Justiça e apontado como o segundo chefe na hierarquia da facção criminosa de São Paulo, abaixo apenas de Marcola. Os corpos dele e de Paca foram encontrados com marcas de tiros. Nove câmeras de segurança captaram os detalhes da emboscada.

Em 2021, no entanto, após acertar uma delação premiada, o piloto Felipe foi absolvido por um juiz da 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Depois da delação, a polícia conseguiu recuperar R$ 1 bilhão da facção criminosa dos homens que foram mortos em 2018 na emboscada, segundo a PM.


Ação Policial Mortes PCC Abadia de Goiás