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Oito pessoas são indiciadas em inquérito por desabamento de rampa durante o Rap Mix, no Serra Dourada, em Goiânia

Rap Mix: 8 são indiciados em inquérito por desabamento de rampa no Serra Dourada

02/07/2024, às 09:52 · Por Redação

O inquérito policial que investigava o colapso da rampa durante o Rap Mix Festival, em julho do ano passado, foi concluído com o indiciamento de oito pessoas relacionadas à montagem da estrutura e à segurança do evento. Nenhum dos proprietários das empresas envolvidas na organização do festival foi indiciado. O relatório final da investigação, conduzida pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), foi encaminhado à Justiça no final de abril. A Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO) não divulgou a conclusão publicamente, apesar da grande repercussão do caso. As informações são do jornal O Popular.

No total, 75 pessoas ficaram feridas quando uma parte da rampa que ligava o campo do Estádio Serra Dourada, em Goiânia, à arquibancada desabou de uma altura de até cinco metros. O incidente ocorreu na noite de 9 de julho de 2023. Em 24 de julho, um laudo da Polícia Técnico-Científica (PTC) indicou que a estrutura metálica foi montada de maneira improvisada, sendo esta a causa principal do desabamento. Apesar das irregularidades, um engenheiro e um arquiteto haviam atestado a segurança da rampa.

Segundo o relatório da Deic, assinado pelo delegado Leonardo Dias Pires, a causa do colapso foi atribuída à falha na montagem da estrutura, que não seguiu o manual adequado. "Foi identificado grande fluxo de pessoas e mesmo permanência delas em local indevido, por se tratar de saída de emergência", aponta o documento, acrescentando que isso "contribuiu para o exponencial crescimento do número de vítimas e pode ter sido fator decisivo no colapso do piso".

O laudo também registra que, embora houvesse intensa ocupação na rampa antes do colapso, "por se tratar de rota de fuga, deveria suportar carga suficiente para permitir o escoamento rápido, concluindo que a ocupação não figurou como causa determinante do colapso". O documento técnico ressalta que "a improvisação na instalação da estrutura ocasionou (...) o consequente desabamento do piso".

A organização do festival, Winner Records e Mídia, contratou a Feel Loc Participações e Locação de Equipamentos para a montagem das estruturas, além do projetista José Miguel Miranda Gomes. A Feel Loc subcontratou a empresa Reinaldo Mendes Bicudo para o aluguel das estruturas e fornecimento da mão de obra.

Os indiciados incluem:
- Alex José de Rezende, engenheiro da Feel Loc, que fez a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) das estruturas.
- Enio Gonçalves Lois, arquiteto que emitiu o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) e responsável pela mão de obra.
- José Miguel Miranda Gomes, projetista responsável pela projeção dos locais de montagem.
- Deivis Rogério Vono, intermediador de contrato e "encarregado da Feel Loc".

Todos eles foram indiciados por lesão corporal culposa, em diferentes modalidades. Além disso, quatro coordenadores de segurança foram indiciados por negligência:
- Leonardo Soares da Costa
- Paulo César dos Santos
- Lianderson Pereira Rezende
- Ronaldo Pereira de Paula

O relatório deixa de indiciar os proprietários das empresas contratadas para a montagem das estruturas do evento, incluindo Renan de Souza Coutinho, da Feel Loc, e Reinaldo Mendes Bicudo, da empresa de mesmo nome, pois contrataram profissionais habilitados para a execução do serviço. Da mesma forma, os donos das empresas de segurança não foram indiciados, pois suas condutas não se enquadram nos tipos penais relacionados ao colapso da estrutura.

A investigação identificou 75 vítimas, com o caso mais grave sendo o da estudante de biologia Giovanna Moreira Salerno, de 21 anos, que sofreu traumatismo craniano e perdeu parcialmente os movimentos dos braços e pernas. Ela ficou internada por 45 dias em estado gravíssimo. A família de Giovanna tem lutado por recursos financeiros para seu tratamento, que inclui medicamentos, alimentação especial e consultas médicas.

Em nota, a assessoria de imprensa do evento afirmou que estava aberta ao diálogo com as vítimas e se colocava à disposição para auxiliá-las. No entanto, familiares de Giovanna denunciam que nunca receberam assistência das empresas envolvidas. Em junho, o jornal O Popular relatou que a mãe de Giovanna, Lorena Morena, destacou a falta de ajuda financeira para o tratamento da filha, que continua necessitando de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e tratamento com células-tronco, cujo custo é de cerca de R$ 100 mil.


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