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Reprodução - Redes SociaisJornalista Mariana Martins denuncia infecção hospitalar durante procedimento de troca de prótese de silicone
Saiba qual bactéria e em qual hospital Mariana Martins se infectou em Goiânia
01/08/2024, às 10:16 · Por Redação
A jornalista Mariana Martins compartilhou nas redes sociais sua experiência ao contrair uma infecção por micobactéria durante uma cirurgia de troca de prótese de silicone. Ela afirmou que denunciou o hospital onde o procedimento foi realizado, o Med Plastic Hospital, para a vigilância sanitária de Goiânia. "Tudo o que eu queria era ter a minha saúde restabelecida", disse ela em vídeo.
A cirurgia ocorreu em 13 de março deste ano no Med Plastic Hospital, em Goiânia. Em nota, o hospital informou que "a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia realizou duas inspeções no hospital, nos dias 4 e 22 de julho de 2024. O Relatório de Fiscalização Nº 29/2024 confirmou que tanto o centro cirúrgico quanto o Centro de Material e Esterilização (CME) do hospital estão em conformidade com a legislação sanitária". O hospital também afirmou que "segue rigorosamente os protocolos de controle de infecção hospitalar, incluindo medidas de vigilância epidemiológica e um plano de ação para prevenção de infecções" e reafirma seu compromisso com a saúde e segurança dos pacientes.
Mariana contou ao jornal O Popular que a denúncia e o vídeo foram feitos para evitar novas contaminações. "O que eu quero é fazer alguma coisa para evitar que outras pessoas sejam contaminadas", explicou. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que "a Vigilância Sanitária recebeu a denúncia e os fiscais, responsáveis pela fiscalização na parte de hospitais, estiveram no local e fizeram análise minuciosa de todos os processos, registros, esterilização e ambiente, e nenhuma irregularidade foi constatada". Segundo a SMS, o hospital está correto em termos de fiscalização e não há outros casos semelhantes na unidade.
"Eu ensaiei muito tempo pra fazer isso, as próteses que eu tinha eram antigas, a cicatriz não era tão legal, eu queria um colo mais projetado. [...] Importante dizer que o que aconteceu comigo não foi erro médico. O resultado ficou lindo. Eu gostei muito. O que aconteceu comigo foi uma infecção que estava no ambiente hospitalar", explicou a jornalista.
Após a cirurgia, Mariana relata que sentiu a mama direita "mais pesada e um pouco mais quente". Ao consultar o cirurgião, o líquido acumulado na região da cicatriz foi drenado e, naquele momento, concluiu-se que se tratava de um ponto aberto. Ela decidiu então fazer uma aplicação de laser para auxiliar na cicatrização. Dias depois, ao retirar a gaze e os curativos na frente do enfermeiro que faria o laser, a cicatriz estava com uma fissura e secreção. "Além desse 'ponto aberto', na lateral abriu o que eles chamam de fístula, que é um buraquinho profundo", explicou Mariana. O médico decidiu dar pontos no local novamente para "tentar salvar a cirurgia". O tecido foi colhido para análise em laboratório.
Mariana conta que o resultado dos exames não foi entregue na data prevista, pois o material foi enviado ao Laboratório Estadual de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros Image, sob a suspeita de micobactéria. O resultado confirmou a infecção por micobactéria 60 dias depois. O hospital, no entanto, afirmou em nota que "não foi possível confirmar que a infecção tenha origem no ambiente hospitalar, devido à complexidade em identificar a fonte exata da contaminação". "Meu chão abriu. Na hora que ouvi isso: 'suspeito micobactéria', uma coisa que eu nunca nem tinha ouvido falar. Uma coisa assim totalmente nova pra mim", relatou Mariana.
O médico infectologista Marcelo Daher explicou que micobactérias são agentes que causam doenças. "Quando a gente pensa em micobactéria, a gente pensa em tuberculose e pensa em hanseníase, [...] mas existem várias outras micobactérias", pontuou. No caso de procedimentos cirúrgicos, são "micobactérias de crescimento rápido". Ele explica que "esses problemas já diminuíram bastante, a gente quase não vê mais infecção relacionada a esses procedimentos devido ao modo de esterilização desse material". Marcelo diz que os sinais e sintomas demoram a aparecer, o que pode levar a complicações e até a óbito, quando não tratado a tempo e em pacientes com problemas prévios de imunidade.
Ao consultar um infectologista, Mariana iniciou o tratamento com antibióticos e retirou as próteses de silicone. A nova cirurgia foi realizada há 14 dias, segundo Mariana. "Fiquei totalmente sem peito, mas não é a estética que me preocupa nesse momento", disse Mariana emocionada.
O tratamento é longo, segundo Marcelo, "um tempo maior do que o habitual para infecções". Ele também destaca a importância da retirada das próteses para a eficácia do tratamento. "A retirada da prótese é algo realmente muito importante. Tendo em vista que o antibiótico não consegue chegar na prótese", disse ele. "Você passar por outra cirurgia não é uma coisa agradável, né? Eu fiquei com muito medo disso. Tudo isso está acontecendo às vésperas do meu casamento. Fiquei com o psicológico muito abalado", disse a jornalista, que se casa em 15 dias. A colocação de uma nova prótese deve esperar cerca de seis meses, informou Mariana.
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