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Com nove casos diários, Goiás é o 5º estado com mais desaparecidos no Brasil; Estado registra 2.224 desaparecimentos em 2024, apontando uma crise na busca por pessoas desaparecidas

Com nove casos diários, Goiás é o 5º estado com mais desaparecidos no Brasil

27/08/2024, às 10:51 · Por Redação

Em 2024, Goiás registrou uma média de nove desaparecimentos por dia, totalizando 2.224 casos até o momento. Esse número representa 64,1% de todas as ocorrências de desaparecimentos registradas em 2023. Desses casos, 1.016 pessoas foram encontradas, com 37 delas localizadas sem vida, enquanto cerca de 700 continuam desaparecidas. O Banco de Perfis Genéticos (BPG) do estado também conta com 890 registros de pessoas não identificadas até junho de 2024.

Para combater o número crescente de desaparecimentos, Goiás aderiu à Mobilização Nacional de Identificação e Busca de Pessoas Desaparecidas. A iniciativa visa coletar DNA de familiares de pessoas desaparecidas, uma ferramenta essencial para facilitar a localização de pessoas em todo o país. A coleta de material genético permite o cruzamento de perfis com aqueles armazenados nos Bancos de Perfis Genéticos Estaduais, Distrital e Nacional. Esses bancos contêm informações de pessoas vivas ou falecidas que ainda não foram identificadas, e a integração desses dados pode ser crucial para resolver casos complexos.

O coordenador da Sessão de Pessoas Desaparecidas da Superintendência de Polícia Técnico-Científica de Goiás (SPTC), Antônio Maciel, explica que a campanha de coleta de DNA será dividida em três fases: "Na primeira fase, vamos focar na coleta de DNA, semelhante ao que foi feito em 2021. Na segunda fase, iremos coletar material de pessoas vivas que não foram identificadas. A última fase, prevista para outubro, envolverá a conexão de impressões digitais e a identificação de pessoas enterradas como desconhecidas", detalha Maciel ao jornal Opção.

Esse processo já é realizado com material genético de ossadas, mas será intensificado usando o banco genético de impressões digitais da Identificação Civil Nacional (ICP), vinculado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com 120 milhões de registros, esse banco tem potencial para ajudar Goiás a identificar pessoas de outros estados.

Antônio Maciel aponta que os desaparecimentos podem ser classificados em dois tipos: voluntário, quando a pessoa escolhe sair de casa, frequentemente envolvendo crianças e adolescentes; e involuntário, resultante de acidentes ou situações forçadas. "As forças de segurança pública enfrentam um grande desafio devido à falta de comunicação. Muitas vezes, as vítimas são encontradas, mas as delegacias não são informadas, deixando os casos abertos", afirma Maciel. Para resolver esse problema, a SPTC está implementando um protocolo para entrar em contato com as famílias e confirmar se a pessoa retornou.

O estado de Goiás contabilizou o desaparecimento de 3.465 pessoas em 2023, conforme o 18º Anuário de Segurança Pública de 2024 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Esse número representa um aumento de cerca de 100 casos em relação a 2022, elevando a taxa de desaparecimentos de 47,6 para 49,1 por 100 mil habitantes. Apesar do aumento, Goiás mantém o menor índice de desaparecimentos da região Centro-Oeste.

Dos desaparecidos em 2023, apenas 1.535 foram localizados, alguns vivos e outros mortos, enquanto mais de 1.900 pessoas continuam desaparecidas. Casos emblemáticos, como o do menino Pedro Lucas, desaparecido em novembro de 2023 em Rio Verde, destacam a dor e a incerteza vividas por famílias que não têm respostas sobre o paradeiro de seus entes queridos. Desde 2015, a SPTC mantém um banco genético para auxiliar nas investigações, mas a procura por esse recurso ainda é limitada entre os familiares. Muitos registram o Boletim de Ocorrência (BO) sem fornecer amostras de DNA, o que dificulta a identificação de restos mortais não identificados (RMNI).

Dados do BPG mostram um aumento nos registros de RMNI, de 69 em 2019 para 793 em 2023, devido à inclusão de amostras antigas. Atualmente, Goiás contribui com cerca de 8% do Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), com 17.967 registros, posicionando o estado na quinta colocação nacional em termos de contribuição.

RMNI frequentemente resultam de corpos sem identificação devido à falta de documentos, deterioração das digitais ou ausência de arcada dentária. Nessas situações, o Instituto Médico Legal (IML) conduz investigações cadavéricas e coleta amostras de DNA para o banco genético. Familiares podem fornecer seu DNA em qualquer delegacia da SPTC, e os dados são compartilhados nacionalmente para facilitar a identificação sem deslocamentos interestaduais. Se não houver identificação em 30 dias, os corpos são enterrados como indigentes, mas podem ser exumados posteriormente caso ocorra identificação.


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