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ReproduçãoVídeo de pescador denuncia possível desvio de água do Rio Araguaia para represa em propriedade de José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro; caso é investigado
Captação irregular de água em fazenda de fundador do Grupo JBS gera polêmica
15/09/2024, às 10:18 · Por Redação
Uma denúncia feita por um pescador da região do Rio Araguaia, na divisa entre Aruanã e Nova Crixás, trouxe à tona uma possível captação irregular de água. Segundo o vídeo, a água estaria sendo desviada por um túnel subterrâneo em direção a uma represa construída em uma propriedade privada. O local em questão seria uma fazenda do empresário José Batista Sobrinho, mais conhecido como Zé Mineiro, fundador do Grupo JBS.
A represa, localizada em um resort particular, estaria recebendo água do Lago Rico, uma formação natural proveniente do Rio Araguaia. O pescador, que preferiu não se identificar, apontou que esse tipo de captação é comum na região, contribuindo para a seca prolongada. Ele afirmou que há desmatamento às margens do rio e que "cano e pivôs retiram água o ano todo, inclusive durante a seca". O pescador questionou a falta de fiscalização: "Cadê as autoridades que fingem não conhecer o problema?"
Ao jornal Opção, o prefeito de Aruanã, Hermano de Carvalho (UB), negou qualquer irregularidade na captação de água. Segundo ele, a represa se mantém cheia o ano todo graças às enchentes do rio durante o período de chuvas. Ele ressaltou que "não há desvio de água no local" e que o fenômeno é comum entre grandes proprietários da região, sendo utilizado para irrigação e abastecimento animal.
"Se você sobrevoar a fazenda, verá que tudo é natural. Não há retirada de água de forma ilegal", afirmou Hermano, ao garantir que não é amigo de Zé Mineiro, mas que defende a realidade dos fatos.
No entanto, o titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), Luziano Carvalho, afirmou desconhecer o caso, mas destacou que a fiscalização de supostas retiradas do Rio Araguaia é uma questão federal. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) informou que não há registro de outorga de uso de recursos hídricos para a área em questão, embora, se o desvio for do Lago Rico, a competência seria do Estado de Goiás.
A advogada Luciana Lara, especialista em Direito Ambiental, criticou a fiscalização falha. "Esse tipo de crime ambiental ocorre pela ausência de fiscalização efetiva pelos órgãos competentes", disse. Ela destacou que a legislação federal e estadual dispõe de normas claras sobre o uso de recursos hídricos e penalidades para atos lesivos ao meio ambiente. Segundo Luciana, quem pratica esse tipo de retirada irregular está sujeito a sanções administrativas, civis e penais.
O impacto da retirada ilegal de água no Rio Araguaia é significativo. O rio, um dos principais da bacia amazônica, tem sofrido com a redução do fluxo, ameaçando o ecossistema local e as espécies que dependem do habitat aquático. Além disso, a prática afeta o abastecimento de comunidades ribeirinhas, que dependem do rio para suas necessidades diárias.
Denúncia Zé Mineiro JBS Aruanã Nova Crixás Goiás,