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ReproduçãoEx-deputado e cientista político, Vilmar Rocha reflete sobre cenário nacional e estadual, aleém de destacar uma possível reconfiguração política para as próximas eleições
Espaço para o centro em 2026 e força de Daniel Vilela são temas analisados por Vilmar Rocha
03/11/2024, às 15:50 · Por Redação
O ex-deputado federal Vilmar Rocha (PSD) analisou as tendências políticas para 2026 em uma entrevista ao jornal Opção. Com um olhar atento às mudanças no panorama eleitoral, Rocha avalia que o centro político, moderado e democrático, pode ganhar força entre os eleitores.
“Deus está nos detalhes, e a política também. O que vejo é que o eleitorado está começando a se desencantar com extremismos. A radicalização perdeu fôlego. A polarização em si não é negativa; o problema surge com o extremismo. É preocupante quando um polo, em vez de competir democraticamente, trata o adversário como inimigo. Na democracia, não existem inimigos, mas adversários,” ressalta Rocha.
Segundo o ex-deputado, essa mudança de ânimo nos eleitores revela uma demanda por líderes menos radicais e mais voltados ao diálogo. Ele considera que, embora o bolsonarismo tenha sido uma reação ao PT, sua força pode não ter sustentação a longo prazo. “A força de Jair Bolsonaro talvez não seja tão sólida quanto parece. Foi uma onda, mas será que haverá outra? Pode ser que não,” pondera Rocha, prevendo um enfraquecimento do movimento.
Para Rocha, o cenário nacional também mostra sinais de desgaste do PT e do presidente Lula, especialmente considerando a idade do presidente. “Em 2026, Lula terá 81 anos e, se reeleito, terminaria seu mandato com 85. Isso representa um desafio físico e político,” afirma. Rocha critica a falta de renovação do PT, que, segundo ele, não consegue dialogar com a juventude. “O PT não tem mais projetos que inspirem mudanças profundas. Os programas sociais permanecem assistenciais, sem gerar expectativas de transformação,” completa.
O ex-deputado destaca que o centro político pode desempenhar um papel crucial na disputa pela presidência, pois reflete o anseio da sociedade por um meio-termo que privilegie o diálogo e a moderação. Entre os possíveis nomes para liderar essa nova configuração de centro, Rocha menciona o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como um exemplo de direita moderada, e Ronaldo Caiado, governador de Goiás, pela sua experiência e articulação.
Cenário estadual
Sobre o quadro político em Goiás, Vilmar Rocha aponta Daniel Vilela, atual vice-governador e presidente do MDB, como um candidato promissor ao governo estadual. “Daniel é jovem, mas já possui um currículo sólido, com passagens como vereador, deputado estadual, deputado federal e agora vice-governador. Além disso, ele está prestes a assumir o governo por nove meses, o que pode solidificar sua experiência executiva,” analisa Rocha.
Avaliando o cenário estadual, Rocha destaca que Daniel tem mais preparo e respaldo político do que Wilder Morais, senador pelo PL. “A carreira de Wilder Morais é baseada em apoios circunstanciais, como sua eleição pela onda bolsonarista. Em 2026, sem essa onda, ele corre o risco de perder protagonismo,” observa Rocha, frisando que o eleitorado de Goiás busca figuras com mais independência política e com capacidade de articulação.
Quanto ao PT em Goiás, Rocha menciona Adriana Accorsi como a principal figura para uma possível candidatura ao governo estadual, mas também considera Edward Madureira e Kátia Maria como nomes relevantes. “Eles podem fortalecer o partido e ajudar na formação de bancadas estaduais e federais,” opina.
Futuro do PSD
Rocha também faz uma avaliação sobre Gilberto Kassab, presidente do PSD, que, segundo ele, demonstrou habilidade na condução do partido durante as últimas eleições. No entanto, Rocha defende que o PSD precisa fortalecer seu eixo programático. “Um partido com longevidade precisa de ideias claras e de um propósito definido para o país,” afirma, criticando movimentos políticos que surgem sem um ideário sólido, comparando o fenômeno do bolsonarismo a “vagalumes” na política.
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