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Professor Vanuildo Silva de Carvalho, do Instituto de Física da UFG, integra equipe internacional que desvendou um novo material supercondutor
Pesquisador da UFG contribui para descoberta que pode revolucionar tecnologia global
27/11/2024, às 11:25 · Por Redação
Um avanço pela busca por materiais supercondutores em temperatura ambiente foi alcançado por uma equipe internacional de cientistas, incluindo o professor Vanuildo Silva de Carvalho, do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás (IF/UFG). A descoberta, que envolve o material seleneto de ferro dopado com enxofre (FeSe1-xSx), foi publicada na renomada revista científica Nature Physics e tem potencial para transformar setores tecnológicos e energéticos.
A supercondutividade é um fenômeno que permite a condução de eletricidade sem qualquer perda de energia, mas, na maioria dos casos, exige temperaturas extremamente baixas, o que limita sua aplicação prática. No entanto, o estudo liderado por pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos revelou que o seleneto de ferro dopado com enxofre funciona como um supercondutor baseado em um mecanismo inédito: a nematicidade eletrônica.
Vanuildo explica o conceito com uma analogia: “A nematicidade eletrônica pode ser imaginada como pessoas andando em direções aleatórias (os elétrons em um material comum). Quando todos começam a caminhar em fila na mesma direção, temos a organização dos elétrons característica desse fenômeno, o que leva à supercondutividade”.
Para demonstrar o funcionamento do material, os cientistas utilizaram um microscópio de varredura por tunelamento (STM), capaz de observar o comportamento dos elétrons em nível quântico e atômico. Amostras do seleneto de ferro dopado com enxofre foram resfriadas a temperaturas próximas do zero absoluto (-273,15°C) para eliminar interferências externas.
O professor Vanuildo foi responsável por realizar cálculos teóricos na UFG, cujos resultados coincidiram perfeitamente com os dados experimentais coletados. “Embora a teoria sobre supercondutores nemáticos já fosse aceita, faltava um exemplo concreto. Nosso trabalho provou que esse material é o primeiro exemplo prático”, destacou.
O estudo envolveu cientistas de instituições renomadas, como as Universidades de Yale, Califórnia e Minnesota, nos Estados Unidos, além da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no Brasil. A colaboração demonstrou a força de parcerias internacionais na superação de desafios científicos complexos.
A descoberta do supercondutor nemático pode abrir caminho para tecnologias inovadoras, como redes elétricas sem perdas de energia, trens de levitação magnética ainda mais eficientes, computadores de alto desempenho e melhorias em equipamentos médicos, como ressonâncias magnéticas.
Embora o material ainda exija temperaturas extremamente baixas, o estudo aponta para novas possibilidades de manipulação da nematicidade eletrônica, o que pode aproximar a supercondutividade de condições mais acessíveis. “Este é apenas o início de uma revolução tecnológica que pode impactar múltiplos setores”, concluiu Vanuildo.
Pesquisa Instituto de Física UFG Professor Vanuildo Silva de Carvalho Goiás,