Matérias
Reprodução
Celular comprado na capital goiana foi usado em ações clandestinas; general Braga Netto é apontado como financiador do esquema
PF revela conexão entre Goiânia e plano de sequestro e assassinato de autoridades
17/12/2024, às 08:52 · Por Redação
A Polícia Federal identificou que Goiânia desempenhou um papel central em um esquema golpista atribuído ao general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022. Segundo as investigações, divulgadas no último sábado, 14, um celular usado no plano para monitorar e comunicar ações clandestinas foi adquirido na capital goiana com dinheiro vivo.
A compra foi realizada pela esposa do major Rafael Oliveira, integrante das Forças Especiais do Exército. De acordo com a PF, o celular estava ligado a um plano de sequestro e assassinato de autoridades, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Conforme depoimento do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o general Braga Netto teria fornecido os recursos para financiar o esquema. Ele é acusado de transportar cerca de R$ 100 mil em uma sacola de vinho, repassando o dinheiro ao major Oliveira. Esses valores, segundo a PF, foram obtidos por meio de empresários do agronegócio que apoiavam atos antidemocráticos.
Além da compra do celular, as investigações rastrearam cinco recargas de crédito feitas para celulares descartáveis, que reforçam a conexão de ações planejadas em Goiânia e Brasília. Documentos apreendidos apontam que a operação clandestina, chamada de “Punhal verde e amarelo”, tinha como objetivo eliminar líderes políticos e promover o caos institucional.
Relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e diálogos interceptados revelam o envolvimento de empresários do agronegócio no financiamento de atos antidemocráticos. A investigação aponta que o Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA), liderado por produtores rurais, organizou bloqueios de rodovias em estados como Goiás, Mato Grosso do Sul e Roraima após a derrota de Bolsonaro em 2022.
Esses empresários também teriam financiado carros de som em Brasília e o transporte de milhares de manifestantes, incluindo os que participaram dos ataques ao Congresso Nacional, ao STF e ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro de 2023.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) emitiu uma nota pedindo celeridade e rigor nas investigações, ao mesmo tempo em que defendeu o setor agropecuário, que reúne mais de seis milhões de produtores no Brasil. “É fundamental que ações isoladas não comprometam a imagem de um segmento essencial para a economia do país. Defendemos uma apuração legal e transparente, em conformidade com a Constituição”, afirmou a bancada.
A defesa do general Braga Netto nega as acusações e promete respondê-las no âmbito judicial.
PF Investigação Plano de Sequestro Assassinato de Autoridades General Braga Netto Goiânia Goiás,