Beat, Morgantini lança vibrante livro hoje em Goiânia

O jornalista Henrique Morgantini lança hoje, em Goiânia, seu primeiro livro: Coma Branco: Memórias de um Guitarrista Acidental. Com uma pegada gonzo, o livro é publicado pela Contato Comunicação e o lançamento será a partir das 19h na Biblioteca do Sesc Centro, na Rua 15, esquina com 19 (próximo ao Liceu).

Vibrante, o livro é fortemente influenciado pela “Geração Beat”, sobretudo o icônico Hunter S. Thompson (se ainda não leu, leia 'Medo e Delírio em Las Vegas'). Há no livro referências a cidades americanas (por exemplo, Los Angeles e San Francisco), mas também a Anápolis, cidade do autor do livro.

Fique abaixo com um aperitivo: os oito primeiros parágrafos do primeiro capítulo do livro:

Impossível saber o que aconteceu primeiro: o chão se dissolver numa densa nuvem de madeira ou seu o próprio coração pular para fora do peito.

O fato é que ali, flutuando em cima de uma fechada massa de poeira marrom e macia, também estava o seu próprio órgão. Não um coração biológico, humano, a válvula de átrios e ventrículos. Um coração de desenho de uma menininha de 10 anos, em forma de bunda e seta. Ainda assim era o seu coração. E havia saído de dentro dele.

As primeiras palpitações pareciam com o fim de uma corrida apostada com as crianças do fim da rua. Como um dia de sol. Quem chegar por último sempre vai ser a mulher do padre. Mas então, ao fim da aposta, ao contrário da tendência de diminuir, as palpitações aceleraram, como se estivessem sendo manipuladas, como se as mãos de Deus – o próprio Deus – estivessem espremendo o coração dentro do peito, cada vez mais e mais rápido. Até que, sim, houve-se esta certeza: era Deus quem apertava aquele coração, fazendo-o uma macia esponja de cozinha.

Ao seu redor, bem diante dos seus olhos e ao alcance das mãos, tudo se movia. Os objetos da sala caminhavam à sua volta, num ritmo combinado com as palpitações. Os arranjos, as flores, o cavalo de madeira e até mesmo a adaga dourada dentro de uma moldura, tudo andava, com pernas, mãos, patas ou simplesmente serpenteando pela parede.

Nada era muito diferente de um desenho animado da Disney.

Até que o peito explodiu. Não apenas se abriu, mas estourou numa escandalosa explosão de sensações e cores e aquele coração, antes dentro do peito, agora saltitava em cima do tapete, deixando um rastro psicodélico de cores que iam se misturando, dando lugar a outras, inéditas, e logo era um batalhão de mil colorações acompanhando como uma cauda aquele coração em forma de bunda, aquele coração de desenho de uma garotinha de 10 anos de idade.

Sentiu um gosto estranho na boca, forte, ferroso. Mas, afinal, o que é isto? Um coração escarrado pela boca ou que ganhou liberdade rompendo veias, artérias, músculos e ossos da caixa torácica?

– Os dois. – ele ouviu a sua própria voz dizendo isto.

Ou ele só pensou?

Nada faz sentido absoluto quando o que está no comando da sua percepção atende pela sigla de LSD.

Serviço
Lançamento do livro Coma Branco, de Henrique Morgantini
Editora: Contato Comunicação
Onde: Biblioteca do Sesc Centro, na Rua 15, esquina com 19 (próximo ao Liceu)
Quando: hoje, quinta-feira, 12 de dezembro, das 19h às 22h

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