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Goiânia, 13/03/25
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Após não receber pagamento pelo assassinato, ele denunciou a filha e o genro da vítima como mandantes

Homem que matou fazendeiro por causa de herança é preso

06/01/2025, às 16:44 · Por Redação

Terminou neste domingo (5) a fuga de Luiz Henrique da Silva Lima Mendonça, acusado de ser o executor do assassinato do agropecuarista Nelson Alves de Andrade, ocorrido no primeiro dia de abril do ano passado, na zona rural de Campinorte, município do norte de Goiás. Numa operação batizada de Supplicium, coordenada pelo delegado Peterson Amin com o apoio da Delegacia Regional da Polícia Civil de Uruaçu e de unidades da Polícia Militar, o suspeito foi preso no Novo Gama, município no Entorno do Distrito Federal, e confessou sua participação no crime, que teria sido encomendado pela filha, Nauane Alves, e pelo genro do fazendeiro, Rui Ferreira. O inquérito que apurou o assassinato já foi encaminhado ao Poder Judiciário e o casal foi indiciado pelo homicídio duplamente qualificado. Agora, com a prisão de Luiz Henrique, que, segundo o delegado Peterson Amin, detalhou seu envolvimento no caso e como foi contratado pelo casal, a confissão também será encaminhada para ser anexada ao inquérito. "Foram oito meses de investigação, sem nenhum descanso. Hoje mesmo, temos agentes que estão de férias e se uniram na operação para cumprir o mandado de prisão. Já estávamos monitorando os passos do suspeito e hoje de madrugada tivemos a confirmação de que ele estava no Novo Gama", afirmou o delegado. Após um trabalho de inteligência, Luiz Henrique foi localizado no bairro Boa Vista, na residência de familiares. Quatro deles foram levados à delegacia local, onde tiveram contra si lavrado um termo circunstanciado de ocorrência (TCO), pelo crime de favorecimento pessoal. Depois de ouvido, Luiz Henrique ficou detido na delegacia do Novo Gama e nesta segunda-feira (6) será levado para o presídio de Uruaçu. "Este foi um dos trabalhos de investigação mais complexos que realizei e com 100% de resolutividade, desde que assumi o cargo em 2021", comentou Peterson Amin, que é paulista e chegou a Goiás depois de ser aprovado no último concurso para delegado da Polícia Civil.

As investigações apontaram que Nauane, filha única de Nelson, e Rui contrataram Luiz Henrique por R$ 20 mil para que executasse o fazendeiro. Ele contratou mais dois homens, Vitor Manoel Martins Soares e Wilkinson Durval Barbosa dos Santos, para concretizar o plano. O trio armou uma emboscada e a vítima, que estava de motocicleta, foi abordada na zona rural de Campinorte pelos três homens, que estavam de bicicleta. Nelson foi morto com dois tiros. No início das investigações, o delegado Peterson Amin trabalhava com quatro possibilidades: assalto, crime passional, inimigos e envolvimento do próprio genro, com quem foi encontrada uma foto do corpo do sogro no caixão. "Isso não é comum", disse.

 A apuração durou meses e somente no segundo semestre surgiu a luz que faltava. Luiz Henrique não havia recebido o dinheiro prometido pelo casal para cometer o crime e resolveu denunciar o fato à polícia. O delegado explicou que o suspeito fez um número falso e denunciou Nauane e Rui anonimamente, com fotos, vídeos e prints da negociação. Nas conversas, Luiz Henrique sugere o parcelamento da dívida e pede que seus contratantes não o bloqueiem, sob pena de serem denunciados à polícia. "Ou me paga ou vai todo mundo para a cadeia", escreveu. A filha e o genro do fazendeiro foram presos no dia 20 de dezembro em Campos Verdes, a 87 quilômetros de Campinorte. Os comparsas de Luiz Henrique, Vitor e Wilkinson, tiveram a prisão preventiva indeferida pela Justiça, mas foram indiciados. Em seu depoimento, Nauane tentou atribuir toda a responsabilidade ao marido Rui, mas a polícia não acreditou em sua versão. Rui, por sua vez, também negou qualquer envolvimento no crime. As investigações mostraram que, logo após o assassinato de Nelson, Nauane passou a vender os bens da família -- como cem cabeças de gado -- e negociava a venda ou arrendamento de imóveis urbanos e rurais, mesmo sem a conclusão do inventário. Ela trocou de carro e de aparelho celular, o que também ocorreu com Rui. O casal, entretanto, não conseguiu sacar, em uma agência bancária, os R$ 3 milhões, recursos que Nauane herdaria por ser filha única. Nelson era separado e sua ex-mulher chegou a ir à delegacia no dia da prisão da filha, mas seu envolvimento não foi confirmado. A reportagem tentou contato com a defesa dos suspeitos, mas não houve retorno.


Execução Fazendeiro