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Reprodução - Jornal UFG
Um dos poucos territórios quase intocados do planeta, Antártida tem características ambientais únicas
Pesquisadores da UFG integram estudo sobre biodiversidade na Antártida
15/02/2025, às 10:04 · Por Redação
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) participaram de um estudo internacional publicado na revista Science, que investiga o atual estado do conhecimento sobre a biodiversidade da Antártida. O estudo destaca questões não respondidas sobre a ecologia e evolução do continente e propõe diretrizes para futuras pesquisas. O objetivo é aprofundar o entendimento sobre a região e adotar medidas eficazes diante das mudanças globais.
O projeto é liderado pelo Museu Nacional de Ciências Naturais da Espanha (MNCN) e pelo Instituto de Pesquisa em Mudança Global da Universidade Rey Juan Carlos (URJC). Entre os autores, estão o professor José Alexandre Felizola Diniz-Filho, do Instituto de Ciências Biológicas da UFG (ICB/UFG), e o pesquisador do MNCN, Joaquín Hortal, que também colabora com o Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da UFG.
Os resultados indicam que há vasto conhecimento sobre a biologia de vertebrados marinhos que se reproduzem na costa, como pinguins e focas, mas uma compreensão limitada sobre os ecossistemas terrestres, principalmente microrganismos e plantas. "Analisar as lacunas de conhecimento na biodiversidade nos permite identificar prioridades de pesquisa para os próximos anos. Na Antártida, é essencial investir em pesquisa taxonômica, monitoramento populacional e padronização de métodos de estudo", afirma Joaquín Hortal.
Líder do estudo, Luis Pertierra destaca que a pesquisa permitiu um panorama abrangente sobre o conhecimento ecológico de um continente inteiro. Segundo ele, esse modelo pode ser aplicado a outras regiões do planeta com maior complexidade ambiental. "A Antártida é um dos poucos territórios ainda intocados na Terra, com um ecossistema que sustenta uma biodiversidade singular", explica Asunción de los Ríos, pesquisadora do MNCN.
Os ecossistemas antárticos desempenham um papel essencial na regulação do clima global. "Por isso, é fundamental compreender como estão sendo impactados pelas mudanças climáticas", ressalta Asunción.
O estudo confirma a existência de cerca de 2 mil espécies de fauna, microbiota e flora na Antártida, desafiando a ideia de que a região é inerte e exclusivamente coberta por gelo. No entanto, ainda há muito a ser descoberto, especialmente em relação a dezenas de milhares de microrganismos, como bactérias e vírus, que podem estar sob o gelo.
Entre os dados compilados, foram analisados aproximadamente 20 vertebrados e cerca de 400 espécies animais, com um foco crescente em invertebrados. A pesquisa também enfatiza a necessidade de compreender as tolerâncias climáticas das espécies. "Precisamos urgentemente de mais informações sobre essas tolerâncias para prever as respostas das espécies ao aumento das temperaturas", destaca Pablo Escribano, pesquisador da URJC.
O estudo também aponta que, apesar dos avanços na compreensão do ciclo de nutrientes e do funcionamento das comunidades microbianas, ainda existem lacunas sobre como esses organismos se deslocam no ambiente antártico. "Novas pesquisas sobre a ecologia microbiana podem revelar aspectos essenciais para compreender a vida nesse clima extremo", explica Antonio Quesada, pesquisador da Universidade Autônoma de Madri.
Os cientistas concluem que a falta de informação sobre diversos grupos biológicos dificulta a compreensão dos processos ecológicos no continente gelado. Para eles, preencher essas lacunas é essencial para implementar medidas de conservação diante das mudanças globais.
Cooperação UFG Ciências Naturais ICB Goiás,