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Rodrigo Estrela
Prefeito Leandro Vilela afirma que déficit ultrapassa R$ 400 milhões e mantém política de austeridade para recuperar finanças do município
Leandro Vilela estima até um ano para equilibrar contas de Aparecida de Goiânia
19/02/2025, às 10:19 · Por Redação
Ao completar quase 50 dias à frente da Prefeitura de Aparecida de Goiânia, Leandro Vilela (MDB) afirmou que precisará de até um ano para recuperar o equilíbrio financeiro da cidade. Em entrevista ao jornal O Popular nesta terça-feira, 18, ele destacou que herdou um déficit superior a R$ 400 milhões da gestão anterior, comandada por Vilmar Mariano (UB), e que tem adotado medidas severas para conter despesas.
O prefeito reiterou que a situação encontrada foi "caótica", com atrasos no pagamento de fornecedores e dificuldades para manter serviços essenciais. “Olha, eu estou fazendo cortes todos os dias. Cortando contratos, revisando contratos, pedindo diminuição de valores, de prestadores de serviços, renegociando contratos, entregando aluguéis, reduzindo a ocupação de cargos. Todas as secretarias estão trabalhando do limite, do limite, do limite do comando de obra”, declarou Vilela. “Nós estamos cortando na carne”, completou.
Inicialmente, o novo prefeito estimava que o rombo deixado pela gestão anterior girava em torno de R$ 300 milhões, mas cálculos mais recentes da Secretaria Municipal de Fazenda elevaram esse número para R$ 425 milhões. Entre os principais desafios financeiros, está o pagamento da folha salarial de dezembro, que soma R$ 60 milhões e precisou ser parcelado. A dívida com fornecedores de serviços essenciais, como transporte público e coleta de lixo, também tem impactado a administração.
Além disso, há pendências com servidores exonerados, cujas rescisões totalizam R$ 40 milhões. Diante desse cenário, Vilela implementou um parcelamento da folha de dezembro em três vezes, com a primeira parcela quitada em janeiro e as demais programadas para 20 de fevereiro e 20 de março. O prefeito também cancelou contratos considerados supérfluos, como os dos totens de segurança, e renegocia valores com prestadores de serviços.
A situação crítica da infraestrutura do município também foi abordada. Segundo Vilela, a cidade enfrenta problemas como falta de insumos em unidades de saúde, buracos nas ruas, acúmulo de lixo, mato alto e iluminação pública precária. Ele ainda mencionou dificuldades básicas, como falta de internet e combustível para veículos oficiais, além da relutância de fornecedores em continuar prestando serviços devido aos atrasos nos pagamentos.
No mês passado, o prefeito acionou o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) contra o ex-prefeito Vilmar Mariano, cobrando apuração sobre o déficit e responsabilização pela não quitação da folha salarial de dezembro. No documento, Vilela argumentou que o não pagamento “merece reprimenda exemplar por parte dos órgãos de controle externo”.
Desde que assumiu, o emedebista tem dado prioridade às áreas de Educação e Infraestrutura. Na infraestrutura, a prefeitura intensificou ações de tapa-buracos, roçagem e limpeza de canteiros e locais de descarte irregular de lixo. Já na Educação, segundo ele, quase 3 mil crianças de 4 a 5 anos retornaram às salas de aula, enquanto outras 5.800, de 0 a 3 anos, foram atendidas em período integral.
“É um olhar especial. Embora nós tenhamos as dificuldades do ponto de vista de estrutura física, de capacidade financeira, de tudo, nós estamos fazendo o máximo possível para atender as demandas nessa área, e trabalhando para melhorar as condições das nossas instalações, que ainda têm algumas muito precárias. Mas como estamos em um período chuvoso intenso, nós estamos fazendo todo o levantamento", explicou Vilela.
Ao comentar a relação com a Câmara Municipal, Vilela negou qualquer crise entre seus auxiliares e os vereadores, apesar das recentes reclamações sobre o secretário municipal de Obras, Alfredo Soubihe, que teria dificultado o atendimento a demandas dos parlamentares. O prefeito minimizou o episódio e enfatizou a independência dos Poderes. “Não tem crise, a nossa relação é muito boa, direta, as contas são transparentes, eles têm acesso, sabem da situação da Prefeitura. Cada um tem o seu modelo de gestão. O nosso modelo de gestão é de eficiência. A questão pontual com o secretário é uma questão muito pequena", disse.
Sobre o cenário político para 2026, Vilela evitou especulações, apesar da possível candidatura do seu primo, o vice-governador Daniel Vilela (MDB), ao governo estadual. Ele destacou que, no momento, sua única preocupação é a administração municipal. "Não estamos pensando em política. Estamos pensando em resolver os problemas da cidade, melhorar a vida das pessoas e entregar resultados. Quem não tem gestão não tem condição de falar sobre política", afirmou.
O prefeito também foi questionado sobre a presença de Mayara Mendanha, esposa do ex-prefeito Gustavo Mendanha (MDB), em seu secretariado. Ela atualmente comanda a pasta de Assistência Social. Vilela elogiou o ex-prefeito e sugeriu que as definições políticas para 2026 ainda estão distantes.
"É claro que o Gustavo é um grande player. Nós temos 2026, que inclusive nós tivemos pesquisas já colocadas aí, onde aponta uma aceitação muito positiva do Daniel (Vilela), visto governador numa candidatura ao governo. O governador nunca escondeu e não esconde que em abril do ano que vem se afasta para sua candidatura presidencial e o Daniel assume", disse. "Mas acredito que isso aí vai ocorrer no ano que vem. Esse ano é o ano da gente fazer gestão mesmo", concluiu.
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