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Estado confirma cinco óbitos e intensifica combate ao Aedes aegypti; circulação do sorotipo 3 preocupa autoridades de saúde

Goiás investiga 31 mortes por dengue em 2025

21/02/2025, às 09:31 · Por Redação

Nas primeiras oito semanas epidemiológicas de 2025, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) recebeu a notificação de 36 mortes suspeitas por dengue, das quais cinco foram confirmadas. O aumento dos casos, principalmente na região Centro-Oeste do estado, levou à intensificação das medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti. Um dos fatores de alerta é o ressurgimento do sorotipo 3 da doença, ausente no Brasil desde 2008.

Ao jornal O Popular, a superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, disse que o decreto de emergência emitido em Goiânia, no início de janeiro, ocorreu devido à sobrecarga nas unidades de saúde da capital. "Atualmente, 53 dos 246 municípios goianos estão em situação de emergência por dengue, o que significa uma incidência acima do esperado por quatro semanas consecutivas ou mais", afirmou. Equipes da secretaria têm intensificado a capacitação de profissionais da saúde para melhorar o atendimento aos pacientes.

Segundo Amorim, uma das preocupações é que muitas cidades tiveram troca de gestores municipais, resultando na formação de novas equipes de saúde que ainda estão em processo de adaptação. "Já realizamos quatro capacitações neste ano para garantir que os profissionais estejam preparados para lidar com a dengue", explicou. Goiânia lidera as internações pela doença, com 155 casos, seguida por Aparecida de Goiânia (129), Itapaci (49), Nerópolis (36), Mozarlândia (21) e Goiás (21).

O estado de São Paulo, que registra 113 mortes confirmadas por dengue, também reforçou o alerta sobre a circulação do sorotipo 3. "Com a inversão do sorotipo, o risco de epidemia aumenta. Muitas pessoas nunca tiveram contato com esse tipo de vírus e, por isso, não possuem imunidade", explicou Flúvia Amorim. Em Goiás, o sorotipo 3 foi identificado em cidades como Jataí, Rio Verde, Cumari e Goiatuba. "Monitoramos a situação e acreditamos que ele estará mais presente no próximo período", completou.

Apesar da redução de 75% nos casos em relação ao mesmo período de 2024, a dengue segue preocupando as autoridades de saúde em Goiás. Até o momento, foram notificados 26.063 casos, com 12.688 confirmações da doença.

Primeira morte confirmada
A primeira vítima fatal confirmada pela dengue em Goiás foi a professora Damiana Gonçalves, de 58 anos, moradora de Heitoraí. Seu viúvo, Divino de Carvalho, relatou que ela apresentou sintomas no final de dezembro e chegou a receber hidratação intravenosa em um hospital local. "Levei ela para tomar soro duas vezes", disse. O quadro se agravou rapidamente, com queda nas plaquetas e oscilação da pressão arterial. No dia 4 de janeiro, um dia após ser internada, Damiana não resistiu.

Divino conta que a esposa era uma mulher ativa e estava se preparando para a aposentadoria. "Ela sempre trabalhou muito. Em outubro passado, tivemos a felicidade de comemorar o primeiro aniversário da nossa neta Rebeca, que veio de Londres para visitar a família", recorda-se emocionado.

Medidas de combate
Para conter o avanço da doença, a SES-GO tem distribuído bombas costais para pulverização, inseticidas, medicamentos para hidratação e controle da febre. Também reforçou as capacitações de manejo clínico para profissionais de saúde. Além disso, um canal foi criado para esclarecimento de dúvidas dos médicos que atuam diretamente no atendimento aos pacientes com dengue. Em parceria com a Defesa Civil, o governo reativou a Sala de Situação de Arboviroses, onde são analisadas estratégias para controle do mosquito. O objetivo é acelerar a distribuição de insumos, a regulação de pacientes e o suporte técnico aos municípios.

Quase 3 mil casos
Na capital goiana, já foram confirmados 2.899 casos de dengue. O total de notificações chega a 4.305. Segundo o boletim da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), a Região Noroeste é a mais afetada, com 294,3 casos a cada 100 mil habitantes, seguida pela Região Sudoeste (286,7) e Sul (279,5). A Região Oeste é a menos atingida, com taxa de 180,3 casos por 100 mil habitantes.

Vacinação
A adesão à vacinação infantil contra a dengue ainda é um desafio. Em Goiânia, apenas 26% das crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos receberam a primeira dose e a cobertura da segunda dose é de apenas 8,5%. "Sem o esquema vacinal completo, a proteção é reduzida", alerta Murilo Reis, diretor de Vigilância Epidemiológica da SMS. A vacina está disponível em diversas unidades de saúde de Goiânia, incluindo Ciams Urias Magalhães, CSF Jardim Primavera, CSF Parque Atheneu, CS Cidade Jardim e Faculdade de Nutrição da UFG.

Monitoramento
A SES-GO também está ampliando o Projeto de Armadilhas de Oviposição (ovitrampas), que monitora a presença do Aedes aegypti a partir da coleta de ovos. Esse método auxilia na detecção precoce do mosquito e identifica quais sorotipos de dengue estão circulando na região. "Se tivermos um período prolongado de chuvas e temperaturas elevadas, a transmissão pode se intensificar", alerta Flúvia Amorim.


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