Mabel quer transferir Jóquei Clube para a prefeitura e transformá-lo em centro cultural

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), anunciou que pretende adjudicar o Jóquei Clube da cidade para incorporá-lo a projetos municipais. A ideia, segundo ele, é transformar o espaço em um centro de games e cultura, aproveitando a estrutura junto com a iniciativa privada. No entanto, a decisão pegou os associados do clube de surpresa, já que nenhum representante foi consultado oficialmente até o momento.

“Já mandei adjudicarmos o Jóquei Clube porque eles devem para a prefeitura. Vamos dar uma arrumada e fazer um grande centro de games e cultural também, junto com a iniciativa privada”, declarou Mabel em entrevista à TV Anhanguera na última quarta-feira, 26, durante um balanço dos primeiros meses de sua gestão.

Apesar do anúncio, Mabel não especificou se a adjudicação ocorrerá por via judicial ou extrajudicial. O clube acumula uma dívida milionária em impostos municipais, mas há outros credores envolvidos na disputa pelo imóvel. O projeto de absorção do Jóquei já fazia parte do programa Centraliza, idealizado na gestão anterior, e agora Mabel pretende implementá-lo em etapas.

A revitalização do Centro de Goiânia também está entre as prioridades do prefeito. Ele afirmou que, em 2024, ano do centenário da Art Déco no Brasil, todas as fachadas desse estilo na capital serão pintadas. Além disso, planeja liberar a abertura de bares e restaurantes na Avenida Goiás e criar 6 mil novas vagas de estacionamento na região central.

Outro ponto polêmico abordado por Mabel foi a remoção dos camelôs da Avenida 44 até o dia 30 de março. “Estamos fazendo um plano e vamos colocar eles dentro das lojas, das galerias, e eles vão pagar aluguel, condomínio, até virar um comerciante normal”, afirmou.

O prefeito também reafirmou que até o final do ano não haverá moradores de rua na cidade. Segundo ele, pessoas que desejam deixar Goiânia estão recebendo roupas, passagens e assistência médica, e cerca de 500 devem partir nos próximos dias. Para os dependentes químicos, serão disponibilizados atendimentos em comunidades terapêuticas.

Embora Mabel tenha afirmado que a prefeitura já encaminhou o processo de adjudicação, os cerca de 2 mil sócios do Jóquei Clube afirmam não terem sido consultados. O último presidente da entidade, o médico Fausto Gomes, que segue intermediando algumas questões do clube, disse ao portal Diário de Goiás que desconhece qualquer contato da gestão municipal.

“Ninguém da gestão procurou nenhum membro do Jóquei, da diretoria, ninguém”, afirmou Gomes. No entanto, ele reconhece que a maioria dos sócios estaria disposta a negociar, desde que a prefeitura assuma ou encontre uma solução para as inúmeras ações judiciais envolvendo o clube.

“Se a prefeitura realmente assumisse o Jóquei e fizesse alguma coisa boa ali, eu acredito que os próprios donos, que são os sócios, ficariam até felizes. Mas acho que a primeira coisa que deveria acontecer seria o prefeito nos procurar para fazer uma coisa aberta, bem feita, para que os associados pudessem participar”, ponderou.

Ele defende que qualquer solução envolva um entendimento entre o Poder Judiciário, a Câmara Municipal e o Ministério Público para garantir segurança jurídica. “Temos centenas de ações na Justiça. A prefeitura vai assumir nossas ações? Vai passar por cima delas?”, questionou.  

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