Senadores goianos terão maior aumento na cota parlamentar

Os senadores de Goiás foram os mais beneficiados pelo aumento da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), conforme ato assinado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), na última sexta-feira, 28. O valor mensal destinado a despesas dos gabinetes passou de R$ 25,09 mil para R$ 41,3 mil – um reajuste de quase 65%, muito acima da média nacional de 12%.

Apesar do aumento expressivo, os três senadores goianos afirmam que não solicitaram a mudança. A Ceap, também conhecida como verba indenizatória, cobre gastos com transporte, aluguel, alimentação, divulgação e consultorias, entre outras despesas operacionais dos parlamentares.

O senador Jorge Kajuru (PSB) não faz uso da cota, enquanto Wilder Morais (PL) utilizou R$ 344 mil em 2024 e Vanderlan Cardoso (PSD), R$ 149 mil. No ano passado, o limite mensal da bancada era de R$ 23,64 mil.

Nos bastidores, a justificativa para o reajuste é a equiparação da Ceap dos senadores goianos com a já concedida aos deputados federais do Estado. De acordo com a Câmara dos Deputados, a bancada goiana recebe R$ 41,3 mil mensais, o mesmo valor agora aplicado aos senadores. Um levantamento do portal Metrópoles estima que o impacto total desse aumento pode chegar a R$ 4,9 milhões por ano.

O acréscimo acontece pouco tempo depois de um outro reajuste. Em fevereiro deste ano, a Ceap já havia sido aumentada em 6,13% – índice superior à inflação do período –, com base em um ato do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), publicado ainda em 2023. Esse documento previa aumentos anuais até o fim de sua gestão.

Com isso, os valores da cota parlamentar para os senadores goianos subiram de R$ 22,3 mil em 2023 para R$ 23,64 mil em 2024, foram reajustados para R$ 25,09 mil em fevereiro e, agora, chegam aos R$ 41,3 mil. Enquanto isso, a bancada do Distrito Federal, que antes tinha o mesmo valor de Goiás, ficou com R$ 36,5 mil, o menor valor da nova tabela. O maior teto, de R$ 52,8 mil, foi concedido aos senadores do Amazonas, seguindo o critério que leva em conta o custo das passagens aéreas.

A assessoria de Wilder Morais informou que a decisão de reajustar a cota foi tomada exclusivamente pela presidência e pela secretaria-geral do Senado, sem qualquer solicitação da bancada goiana. A equipe do senador afirmou ainda que ele busca "economizar o máximo possível de cota parlamentar e de pessoal" e que, entre os senadores de Goiás, ele tem o menor gasto somado entre as verbas disponíveis.

Segundo Wilder, a maior parte dos recursos da Ceap é utilizada para a manutenção de seu escritório de apoio em Goiás. "O espaço está aberto para atender às demandas da população, garantindo proximidade e suporte aos goianos", informou sua assessoria ao jornal O Popular.

Vanderlan Cardoso disse que sequer sabia do reajuste e que não fez qualquer pedido nesse sentido. "Eu utilizei em média R$ 13 mil mensais no ano passado, pouco mais da metade do valor fixado para 2024. Então não tenho necessidade de mais recursos", afirmou o senador do PSD. Ele explicou que usa a verba para manter seu escritório no Estado, além de despesas com um veículo e materiais impressos.

Jorge Kajuru, por sua vez, fez críticas ao cenário político do Senado. "A eleição de Alcolumbre com 73 votos rendeu muitas negociações e pedidos de cargos e benefícios, mas desconheço demandas de Goiás", afirmou. O senador do PSB ressaltou que não utiliza a cota parlamentar e que se mantém afastado de qualquer tipo de auxílio ou privilégio. "Sou o único que não gastei uma só passagem aérea e nenhum centavo de cota parlamentar, auxílios ou qualquer mordomia, então não sei nada a respeito desse assunto", declarou.

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