Professor do IF Goiano é investigado por suposta fraude em revisões científicas

O professor Guilherme Malafaia Pinto, vinculado ao Instituto Federal Goiano (IF) de Urutaí, está sendo investigado por suspeita de fraudar revisões científicas em um periódico internacional. A denúncia, divulgada pela revista Science, aponta que ele teria falsificado 34 revisões por pares na revista Science of The Total Environment (Stoten). A repercussão do caso já atinge a comunidade acadêmica mundial, levando o IF Goiano a instaurar uma investigação interna para esclarecer os fatos e adotar medidas cabíveis.

O processo de revisão por pares é uma etapa crucial na validação de artigos científicos, garantindo a qualidade e confiabilidade dos estudos antes da publicação. De acordo com a plataforma Retraction Watch, especializada no monitoramento de retratações científicas, Malafaia teria criado endereços de e-mail falsos, utilizando nomes de outros pesquisadores, para aprovar seus próprios artigos. O suposto esquema veio à tona em novembro de 2024 e, no mês seguinte, foi divulgado publicamente.

O professor nega qualquer envolvimento irregular e sustenta que sua conta de e-mail foi invadida. Em uma carta aberta de 28 páginas, redigida em inglês, ele afirmou que a acusação tem causado prejuízos à sua carreira e afetado familiares e coautores.

“Afetaram minha família, alunos e colegas que confiaram no meu trabalho. Essas ações questionam anos de dedicação à pesquisa e ao ensino, refletindo a fragilidade de um sistema que deveria garantir justiça e imparcialidade”, declarou Malafaia, ressaltando que não acusa ninguém, mas busca compreender o ocorrido.

Com mestrado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e pela Universidade Federal de Goiás (UFG), além de sete estágios de pós-doutorado no Brasil e no exterior, Malafaia construiu uma carreira acadêmica consolidada. No entanto, diante das suspeitas, a editora Elsevier, responsável pela Stoten, retirou 34 artigos de sua autoria da publicação e investiga outros 13 estudos.

O IF Goiano se pronunciou oficialmente sobre o caso, informando que abriu uma apuração interna em novembro de 2024, logo após tomar conhecimento da denúncia. A Comissão de Ética da instituição está conduzindo a Investigação Preliminar Sumária (IPS), com prazo de até 180 dias para sua conclusão. O objetivo é verificar se há indícios concretos que sustentem as acusações contra o professor. Até o momento, nenhuma nova denúncia, interna ou externa, foi registrada.

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