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Goiás já registra 1.518 casos e 101 mortes; especialistas apontam antecipação do pico e baixa vacinação como fatores preocupantes

Casos de síndrome respiratória aguda grave disparam em Goiás e acendem alerta

12/03/2025, às 11:38 · Por Redação

O avanço da síndrome respiratória aguda grave (Srag) em Goiás tem preocupado as autoridades de saúde. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), o estado já contabiliza 1.518 casos confirmados, com uma média semanal de 188 novas ocorrências – número superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Além disso, 101 mortes foram registradas, sendo 15 apenas em Goiânia.

A Srag é uma complicação grave de síndromes gripais, caracterizada pelo comprometimento respiratório, e pode ser causada por diferentes vírus, como coronavírus (Covid-19), Influenza, vírus sincicial respiratório (VSR), rinovírus e adenovírus. Conforme os indicadores da SES-GO, a maior parte das mortes registradas (50) foi classificada como síndrome não especificada. Ainda assim, a Covid-19 continua sendo a segunda maior causa de óbitos, com 34 casos confirmados.

Os grupos mais afetados são crianças com menos de dois anos e idosos acima de 60 anos. O primeiro grupo concentra 549 casos e 8 mortes, enquanto o segundo apresenta 315 casos e 70 óbitos. No caso das crianças, o VSR tem sido o principal agente causador, enquanto entre os idosos a Covid-19 se destaca.

Ao jornal O Popular, a titular da Superintendência de Vigilância em Saúde de Goiás (Suvisa), Flúvia Amorim, explicou que a escalada dos casos começou duas semanas antes do registrado no ano passado e que o pico pode ocorrer entre abril e maio, período de maior oscilação de temperatura. "A média semanal já está maior do que no mesmo período em 2024. Se não conseguirmos vacinar um número maior de pessoas, podemos ter um pico superior ao do ano passado", alerta.

Flúvia relaciona o aumento de casos às festas de fim de ano e ao retorno das aulas, que favorecem aglomerações e a disseminação dos vírus. "Durante a pandemia, as escolas estavam fechadas e havia lockdown, o que alterou a dinâmica das doenças respiratórias. Agora, voltamos a ver essa sazonalidade após o período de férias", destaca.

Já a infectologista Marina Roriz, do Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), observa um crescimento no número de atendimentos em pronto-socorro e internações. Ela aponta duas possíveis causas: "Durante a pandemia, tivemos menos exposição a vírus, e agora as crianças que nasceram nesse período estão indo para as escolas e sendo expostas a diversos agentes infecciosos. Além disso, a baixa cobertura vacinal contribui para o agravamento dos casos".

A médica também destaca que, diferentemente dos anos anteriores, o vírus sincicial respiratório já apresenta uma circulação intensa desde janeiro e fevereiro, o que pode sobrecarregar ainda mais a rede de saúde nos próximos meses. "A nossa rede já trabalha no limite, há falta de leitos diariamente, e a Srag é uma das principais causas de internação", pontua.

O aumento dos casos tem pressionado o sistema de saúde. Segundo dados da SES-GO, até as 18h da última terça-feira, 11, a ocupação dos leitos estaduais era de 93% nas UTIs adultas e 90% nas enfermarias. No caso da UTI pediátrica, a taxa chegava a 91%, e na UTI neonatal, a 93%. No Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), a taxa de ocupação atingiu 99%, restando apenas um leito de enfermaria disponível.

Em Goiânia, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou 4.745 atendimentos por doenças respiratórias, um aumento de 3,2% em relação ao mesmo período do ano passado. A capital confirmou 15 óbitos por Srag, sendo a maioria entre idosos (7) e crianças menores de um ano (3).

Diante do cenário preocupante, a SES-GO emitiu um alerta para reforço das medidas preventivas, como a vacinação contra Covid-19 e Influenza. A alta de casos de bronquiolite levou o Ministério da Saúde a incluir, em fevereiro, uma vacina contra o VSR, que deve chegar a Goiás em junho e será destinada às gestantes, garantindo a imunização dos bebês logo após o nascimento. "Assim, as crianças já nascem com anticorpos", explica a infectologista Marina Roriz.

O boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no dia 7 de março, aponta que Goiás está entre os oito estados brasileiros em alerta ou risco elevado para Srag. Os especialistas alertam para uma tendência de crescimento dos casos a longo prazo, impulsionada principalmente por infecções em crianças e adolescentes de até 14 anos.


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