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Goiânia, 26/04/25
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Constatar que parte considerável da produção intelectual da humanidade do final do século passado e início deste já está inacessível míseras duas décadas depois é angustiante

Coluna do Pablo Kossa: A memória perdida na internet faz muita falta

23/04/2025, às 17:44 · Por Pablo Kossa

Acontece direto comigo e deve rolar também contigo. De vez em quando a gente se lembra de algo que leu muito tempo atrás em algum site. Mas muuuuiito tempo mesmo. Tipo dez, quinze, vinte anos atrás. Pode ter sido em um blog, pode ser um site. Você procura e aquele endereço não existe mais. Tenta os mais variados métodos de pesquisa no Google e nada. Que tristeza.

Imagine o quanto da produção intelectual recente foi perdida por não conseguirmos mais resgatar tais textos.

Não que ter acesso a qualquer coisa publicada em qualquer tipo de mídia há algum tempo seja moleza. É preciso ter seu arquivo ou contar com alguém que fez a guarda do jornal, revista, gibi, livro... Depois, fazer a busca. Encarar a poeira, fazer amizade com os ácaros, respirar mil impurezas e vasculhar edição por edição. E dá-lhe índices, páginas, capítulos... Mas você chega no material depois de um périplo. Na internet, nem sempre.

Faça o teste. Procure algum site que já saiu do ar para ver se você encontra o conteúdo. É tão canseira que até Indiana Jones arregraria para tamanho do trabalho arqueológico. A recomendação mais frequente é o Wayback Machine (https://web.archive.org/). Iniciativa louvável. Mas com muitos buracos. Não dá pra acessar tudo que se procura. A alternativa que indicam é o tal do Google Cache. Este é patético.

Estou falando só de sites e blogs. Pense agora nos debates que já não podem ser resgatados nos fóruns ou até mesmo no Orkut. É muita coisa.

Constatar que parte considerável da produção intelectual da humanidade do final do século passado e início deste já está inacessível míseras duas décadas depois é angustiante. Pense quando forem estudar nossos tempos daqui um ou dois séculos.

Caso você tenha preocupação com a memória, seja de assuntos que lhe interessam ou de sua própria pena, talvez seja melhor imprimir e encadernar tudo. O bom e velho papel ainda se mostra imbatível no longo prazo.


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