Marconi abandona Goiás e leva vida ‘anônima’ após derrota eleitoral

O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) saiu pequeno das urnas ao terminar a disputa por uma vaga ao Senado em quinto lugar com 7,5% dos votos válidos (416.613 votos). Seis meses após a eleição, o tucano está ainda menor. O comportamento de um dos principais políticos de Goiás nas últimas décadas, vencedor de quatro eleições para o governo, é quase clandestino.

Consumado o fiasco eleitoral em outubro de 2018, Marconi Perillo decidiu sair de cena. Não apareceu ao lado de aliados para examinar o resultado da disputa e nem mesmo indicou um caminho para seus liderados. Sequer anunciou que é oposição e fiscalização ao governo eleito. Até hoje não se sabe o que Marconi pensa sobre o governo de Ronaldo Caiado (DEM), um de seus maiores desafetos.

Marconi Perillo simplesmente mudou-se com a família para São Paulo para, logo após, anunciar que passaria a trabalhar como consultor de uma multinacional – a CSN. É como se não tivesse uma ligação qualquer com o Estado, sem nenhum compromisso maior. Antes abastecidas diariamente, as redes sociais do ex-governador (Twitter, Instagram e Facebook) estão desatualizadas desde 13 de janeiro.

Ainda que Marconi enfrente um momento político conturbado, potencializado por denúncias de corrupção e processos na Justiça, o comportamento em nada lembra os tempos de governador. No período em que liderou um grande bloco de partidos, a chamada base aliada, o tucano era conhecido pela força com que travava o embate político com seus adversários.

Um dos episódios mais marcantes foi a forma com que Marconi sobreviveu à Operação Monte Carlo, em 2012. Pilhado em ligações perigosas com Carlinhos Cachoeira, que ocupava espaço importante em seu governo, o tucano chegou a ser convocado para depor em CPI no Congresso Nacional. Conseguiu sobreviver a mais de oito horas de depoimento e, posteriormente, superou todo o desgaste para se reeleger uma vez mais.

A primeira derrota na carreira de Marconi trouxe à tona uma personalidade então desconhecida dos goianos: de um político sem rumo, que opta pelo silêncio. Claramente enfraquecido, Marconi desistiu de qualquer embate, sequer tenta fomentar seu legado de 16 anos de poder e, estranhamente, prefere levar uma vida quase no anonimato. Seus aliados ficaram todos à deriva.

Após meses de completo sumiço, o nome de Marconi ressurgiu na imprensa goiana nessa semana com a notícia de que ele tem trabalhado internamente pelo consenso na eleição do diretório do PSDB estadual. No entanto, nada de declarações gravadas. Marconi seguiu em silêncio e o apoio ao prefeito de Trindade Jânio Darrot para o comando da legenda foi anunciado apenas por aliados.

Comportamento
Políticos com longas trajetórias costumam conviver bem com vitórias e derrotas. Depois de seguidas eleições, Marconi Perillo, enfim, terminou uma disputa eleitoral derrotado, em 2018. Sem mandato, o comportamento mais comum a qualquer político é um rápido reposicionamento.

Foi assim com Iris Rezende e Maguito Vilela, ambos do MDB, ex-governadores que perderam disputas para o próprio tucano. Eles jamais pensaram em desistir de viver em Goiás, por exemplo. Quando ficaram sem mandatos, ocuparam a presidência do MDB e, ainda que com perfis distintos, permaneceram na oposição ao governo e passaram a articular novos embates.

Fora de Goiás os exemplos seguem a mesma linha. Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), derrotados na disputa presidencial, seguem em militância permanente. O sumiço de Marconi guarda mais semelhança hoje com Aécio Neves (PSDB-MG) que, mesmo com mandato de deputado federal, também se impõe um autoexílio.de viver em Goiás, por exemplo. Quando ficaram sem mandatos, ocuparam a presidência do MDB e, ainda que com perfis distintos, permaneceram na oposição ao governo e passaram a articular novos embates.

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