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Goiânia, 06/04/25
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Tombado pelo ex-prefeito Iris Rezende (MDB), por meio do Decreto N° 2.769, de 14 de novembro de 2008, o hipódromo fica localizado na Avenida Altamiro de Moura no Setor Cidade Jardim

Hipódromo da Lagoinha tem leilão suspenso pela Justiça

01/03/2022, às 17:19 · Por Redação

Hipódromo Ubirajara Ramos Caiado – Jóquei Clube da Lagoinha, no Setor Cidade Jardim, corre risco de ir à venda para pagar dívidas com o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), um órgão privado, criado em 1976, que cobra por direitos autorais de cada música tocada em execução pública. 

A área, que tem tamanho correspondente a 27 campos de futebol, chegou a ir a leilão. A venda, no entanto, prevista para ocorrer no dia 02 de fevereiro, foi suspensa por decisão do juiz Ronnie Paes Sandre, da 25ª Vara Cível da comarca de Goiânia.

O magistrado é o mesmo que, em outubro do ano passado, havia autorizado a comercialização do espaço destinado ao turfe, que ocupa área de 215.390,88 m², localizada em uma das regiões mais valorizadas da Capital, e está avaliado em R$ 120 milhões.

O imóvel, que pertence ao Jóquei Clube de Goiás, foi penhorado em razão de dívidas. 

Por meio de nota, a explicação: “Ecad moveu uma ação judicial contra o Jóquei Clube de Goiás em função do não pagamento dos devidos direitos autorais.” Acrescentou também, que em “2011 foi feito um acordo com o clube para pagamento do débito, mas este acordo não foi cumprido”.

A Associação dos Criadores e Proprietários de Cavalo de Corridas de Goiás, no entanto, alegou, por meio de embargos de terceiros contra o Ecad, que é possuidora do imóvel individualizado, que o administra há mais de 48 anos, e que a doação teve finalidade exclusiva de fazer a área ser destinada ao hipódromo do Jóquei Clube de Goiás.

A entidade ponderou também que é incabível a expropriação do bem, uma vez que inviabilizaria suas atividades e, por consequência, resultaria na nulidade da disputa.

Apesar da suspensão do leilão, que teria lance mínimo no valor de R$ 61 milhões e transmissão pela internet, o processo aberto pelo Ecad segue em curso.

Na decisão que cancelou a venda prevista para o dia 02 de fevereiro, o juiz Ronnie Paes Sandre, além de analisar o processo para suspender a ação, determinou ainda que o ECAD se pronuncie no prazo de 15 dias úteis.

Sem solução definitiva, o presidente da Associação de Criadores e Proprietários do Cavalo de Goiás, Ricardo Dourado, busca saídas para impedir que a área seja vendida, principalmente pela importância cultural que o Hipódromo da Lagoinha tem para Goiás.

A relevância histórica do local, segundo ele, já é motivo suficiente para que o mesmo não seja vendido. “A minha ideia é promover um evento para arrecadar fundos. Porém, dependemos do apoio de toda uma força-tarefa”, diz. Ricardo, inclusive, vai convocar os sócios e agendar uma assembleia para discutir a melhor forma de “salvar” o local.

O hipódromo é dotado de praça de esportes, cinco campos de futebol society, um campo de futebol de areia, oito quadras de peteca, vestiários, lanchonete, estacionamento privativo, espaço para a convivência do turfista, bosque, restaurante de dois andares, arquibancadas, hospital veterinário, pavilhões, casas, casa de aposta com cinco caixas, parque infantil e um clube anexo.

De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Hipódromo Ubirajara Ramos Caiado é uma das referências originais da cidade.

Introduzido pelo Plano de Urbanização de Goiânia, aprovado pelo Decreto-Lei N.º 90-A/1938, ele é representado por área com a figura de uma elipse, que, inclusive, é visível em imagens de satélites e, em altitude, é o ponto que identifica Goiânia.

Considerado o sexto melhor do país, tem uma pista oval de 1.609 metros, com 800 metros de pista reta e arquibancada para duas mil pessoas, realizando, tradicionalmente aos sábados. A primeira prova turfística ocorreu no ano de 1958.

Tombado pelo ex-prefeito Iris Rezende (MDB), por meio do Decreto N° 2.769, de 14 de novembro de 2008, o hipódromo fica localizado na Avenida Altamiro de Moura no Setor Cidade Jardim, em um área doado pela família Coimbra Bueno, da qual faz parte o ex- governador e senador de Goiás Jerônymo Coimbra Bueno (UND).

A doação impediria a venda do hipódromo pelo Jóquei. A área do hipódromo, inclusive, foi afetada pelo novo Plano Diretor de Goiânia. A lei atual retirou do entorno dele duas áreas que antes eram consideradas tomadas.

Uma delas é a do antigo clube da TeleGoiás. Com 174,5 mil metros quadrados, o local é dotado de campo de futebol e abrigar as sedes do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), o hospital da Polícia Militar (PM) e delegacias especializadas.


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