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DivulgaçãoOs fatos aconteceram no dia 9 de dezembro, minutos após Divair ter sido atropelado por policiais militares em uma viatura numa via de acesso à praça
Quatro meses após ser baleado por PMs, morador de rua é ouvido pela Polícia Civil em Goiânia
20/04/2022, às 14:15 · Por Redação
Atingido por cinco de oito tiros disparados por policiais militares durante uma abordagem na Praça do Sol, no Setor Oeste, em Goiânia, o desempregado Divair Nunes da Cruz, de 28 anos, prestou depoimento para um delegado no inquérito em que, em vez de vítima, ele aparece como suspeito de tentativa de homicídio contra um dos policiais que estavam na ação.
Os fatos aconteceram no dia 9 de dezembro, minutos após Divar – que vive em situação de rua há alguns anos – ter sido atropelado por policiais militares em uma viatura numa via de acesso à praça. Os agentes de segurança alegam que ele chutou o farol do veículo, quebrando-o, e que, por isso, foi chamado reforço e foi feita a ação com policiais em pelo menos quatro viaturas. A oitiva pela Polícia Civil – determinada pela Justiça no dia 8 de março - foi na casa de um amigo da família, onde Divair se encontra hospedado, pois até hoje não tem condições de andar e se recupera dos ferimentos.
Ele ficou internado durante algumas semanas em estado grave no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), mas conseguiu se recuperar e teve alta no final de janeiro. O desempregado disse que não houve nenhuma abordagem prévia pelos policiais e que a viatura foi jogada em sua direção “na traição, sem motivo nenhum”. O vídeo com a fala dele foi encaminhado á Justiça e tem duração de menos de cinco minutos. Com respostas curtas, Divair disse que estava indo para a praça quando os policiais chegaram e após o atropelamento seguiu em direção a um banco, quando chegaram mais PMs.
Este policial apresentou no dia uma farda com um rasgo e escoriações no braço, além de um arranhão. Como Divair estava internado em coma na UTI do Hugo não havia dado sua versão e chegou a ser preso preventivamente na época acusado de tentativa de homicídio. Foi após intervenção da Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) e do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) que a Justiça determinou uma investigação mais aprofundada do caso e foram descobertas imagens mostrando o atropelamento e o grande número de policiais em volta de Divair antes dos disparos.
Em março, foram encontradas também testemunhas que estavam um pitdog e foram abordadas pelos policiais querendo a identidade deles e os contatos telefônicos. Em seu depoimento, Divair disse os policiais lhe agrediram com golpes de pedaço de madeira e uma barra de ferro e que ele se defendeu com dois garfos que guardava em seus pertences. Ele diz que chegou a usar o garfo contra o PM que supostamente portava a barra de ferro porque este batia nele e negou que portasse faca.
A investigação por parte da Polícia Civil segue em andamento. A Polícia Militar concluiu um inquérito aberto pela corporação afirmando que os policiais agiram em legítima defesa no intuito de proteger um deles que estava caído no chão sendo atacado por Divair com duas facas.
Divair Baleado Praça do Sol PM