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Vereadora por Aparecida de Goiânia Camila Rosa se disse indignada com a decisão do promotor e afirmou que vai recorrer

Promotor pede arquivamento de inquérito do caso da vereadora que teve microfone cortado na Câmara de Aparecida

30/04/2022, às 12:22 · Por Redação

O Ministério Público Eleitoral (MPE) decidiu arquivar o processo que apurava uma denúncia realizada pela vereadora de Aparecida de Goiânia Camila Rosa (PSD) contra o presidente da Câmara, André Fortaleza (MDB). A queixa foi feita depois do vereador mandar cortar o microfone da parlamentar durante um discurso sobre a importância da cota de gênero na política.

A decisão de arquivar o inquérito é do promotor Milton Marcolino dos Santos Júnior, que afirmou que a vereadora se excedeu na discussão e fez acusações pessoais e vazias contra o presidente da Casa. Ele também disse que a parlamentar usou o direito de fala para destacar outras pautas alheias ao debate, como colocar homens contra mulheres.

Milton ainda afirmou em seu parecer que a vereadora usou o direito de fala para destacar outras pautas completamente alheias ao debate, na visão dele, "colocando homens contra mulheres, brancos contra pretos, ricos contra pobres, héteros contra homossexuais", disse.

A vereadora Camila Rosa se disse indignada com a decisão e afirmou que vai recorrer. A bancada feminina na Câmara dos Deputados informou que o grupo vai representar contra o promotor na Corregedoria do Ministério Público por considerar que houve violência institucional.

O caso
No dia anterior da discussão em plenário, no dia 1º de fevereiro, André Fortaleza discursou contra as cotas de gênero na Câmara de Aparecida de Goiânia. "Nós temos que parar com esse país nosso, onde tudo tem que ter uma vantagenzinha, é mulher, é o deficiente, é o negro. Eu sou contra cotas, pra mim tinha que acabar com tudo. A mulher é igual ao homem”, disse.

No fim da sessão, então, Camila pediu a palavra e discursou pela ocupação de mais cargos políticos por mulheres e continuou defendendo as cotas para outros grupos marginalizados, como pessoas negras e indígenas. Ela também publicou em suas redes sociais uma foto sua na sessão com a legenda: "Usei meu espaço de fala para defender a importância da mulher na política e os direitos de todas as minorias que são rejeitadas e discriminadas na sociedade. Não toleramos mais preconceitos! Vou lutar até o fim pela igualdade e o respeito. O espaço político é de todos", escreveu.

No dia seguinte, André decidiu rebater a postagem. Ele alegou que suas palavras teriam sido distorcidas, em referência ao discurso do dia anterior contra as cotas. A vereadora pediu a fala para responder e destacou que em nenhum momento se referiu ao parlamentar. Foi quando os dois começaram a exaltar, enquanto a vereadora pedia respeito. André rebateu alegando que a parlamentar teria faltado respeito com ele ao dizer que a carapuça lhe serviu e mandou cortar o microfone de Camila. 

O vereador continuou falando, enquanto Camila tentava se fazer ouvida, sem o direito ao microfone. André alegou que só devolveria a fala à parlamentar quando ela "o respeitasse". Quando finalmente o presidente deixou a vereadora falar, ela já estava aos prantos.

"É isso que fazem com as mulheres na política, é por isso que a gente precisa procurar os nossos direitos. O que eu disse foi justamente isso. Não é uma questão de querer correr atrás de cota, a política, desde a sua existência, vem de um espaço machista. É necessário que nos espaços de poder estejam mulheres, negros, índios e pessoas da comunidade LGBT, que representam essas classes que sofrem a dor do preconceito", disse Camila, visivelmente abalada.


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